Reafirmado apoio de Angola a participação das mulheres na resolução de conflitos


Luanda - O representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, Francisco José da Cruz, reafirmou, em Nova Iorque, o apoio de Angola a iniciativa do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, o envolvimento de mulheres em todas as fases da resolução de conflitos.
Francisco da Cruz adiantou que Angola considera um imperativo estratégico para garantir a sustentabilidade dos processos de paz, o envolvimento das mulheres na resolução de conflitos.
Ao falar, esta sexta-feira, num evento sobre o "Compromisso comum para a participação plena, igualitária e significativa das mulheres nos processos de paz”, co-presidida por Angola e a Suíça, o diplomata angolano sublinhou a realização do encontro numa altura em que se celebra o trigésimo aniversário da Declaração e Plataforma de Acção de Pequim e o vigésimo quinto da Resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre Mulheres, Paz e Segurança.
Francisco José da Cruz destacou o papel das mulheres na construção da paz, considerando ser uma realidade inquestionável, pelo que o seu envolvimento é essencial, dada a relevância nas dinâmicas comunitárias, as experiências directas com o impacto dos conflitos e a capacidade de promover o diálogo e a reconciliação.
O Plano de Acção Nacional Mulher, Paz e Segurança do Governo de Angola, enfatizou, permitiu aumentar a participação das mulheres nos processos de tomada de decisão e o seu envolvimento total em todos os esforços para manter e promover a paz e a estabilidade no país e em África.
“A nossa experiência em reconciliação nacional, após um longo conflito interno, ensinou-nos a importância de envolver as mulheres em todas as fases dos processos de paz”, recordou.
Recordou igualmente que, em Outubro de 2024, Angola acolheu o Fórum de Mulheres de Alto Nível da Região dos Grandes Lagos para discutir formas de fortalecer a participação das mulheres e o seu poder de diálogo, colaboração e a sua firme determinação em construir um futuro mais pacífico e próspero para o continente africano.
Referiu que, enquanto actual presidente em exercício da União Africana (UA), o seu país considera fundamental o papel das mulheres na resolução de conflitos e encoraja os Estados-membros a garantir uma representação mais igualitária das mesmas em todos os aspectos dos processos de paz, incluindo as fases de concepção e implementação.
Na sua intervenção, explicou, como acções fundamentais que devem nortear o reforço da participação plena, igualitária e significativa das mulheres em todos os processos de paz e mediação, a renovação da vontade política para a implementação eficaz do quadro normativo sobre Mulheres, Paz e Segurança, aos níveis nacional, regional e internacional e o alargamento dos programas de formação para melhorar as competências das mulheres nos processos de mediação e na participação em missões de manutenção da paz.
Disse que outras acções são a necessidade de acelerar a integração da dimensão da igualdade de género nos cargos de chefia na prevenção, gestão e resolução de conflitos e o aumento do financiamento para a implementação completa da agenda Mulheres, Paz e Segurança a nível global.
Recorde-se que, em conformidade com a resolução 1325 de 2000, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, lançou, a 24 de Outubro de 2024, o "Compromisso Comum para a Participação Plena, Igualitária e Significativa das Mulheres nos Processos de Paz” para reforçar o papel das mulheres nos processos de paz.
Ao intervir no Diálogo Interactivo Conjunto sobre a Revisão de 2025 da Arquitectura de Consolidação da Paz, realizado igualmente na sexta-feira, o representante permanente de Angola na ONU defendeu o reforço do papel da Comissão de Consolidação da Paz para garantir uma maior credibilidade ao trabalho, aumentando a capacidade do Gabinete de Apoio para melhor cumprir o seu papel e responsabilidades.
Francisco José da Cruz realçou a necessidade de alargar a coordenação e o alinhamento da Comissão com os principais órgãos deliberativos, visando reforçar o papel político e consultivo, especialmente em relação ao Conselho de Segurança, sobre as ligações entre os mandatos das operações de manutenção da paz e as tarefas de consolidação da paz.