Política

Política


PUBLICIDADE

João Lourenço defende futuro de África assente na solidariedade e na paz entre os povos

Presidente da UA, João Lourenço, discursa na sede da organização
Presidente da UA, João Lourenço, discursa na sede da organização Imagens: Edições Novembro

Redacção

Publicado às 21h46 24/05/2025 - Actualizado às 21h46 24/05/2025

Luanda – O Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, defendeu, este sábado, a necessidade de se acreditar e renovar a fé num futuro africano, assente na solidariedade, paz, cooperação entre os povos e construção de uma organização continental com bases institucionais sólidas.

Ao dirigir uma mensagem gravada em vídeo, por ocasião do sexagésimo aniversário do Dia de África, que se assinala a 25 de Maio, João Lourenço defendeu igualmente o respeito pelos princípios da solidariedade, cooperação e respeito mútuo, “para que se possa continuar a construir uma África mais integrada, onde as fronteiras se tornem pontes e não barreiras”.

Na sua mensagem, o Presidente da União Africana apelou para a necessidade de se reavivar o objectivo de todos os filhos de África, que tombaram na luta pela realização do sonho de um futuro, em que cada país africano disponha dos meios necessários para satisfazer as necessidades dos seus cidadãos, recorrendo aos seus próprios recursos e talentos.

Na visão do estadista angolano, honrar a visão dos heróis deve traduzir-se em investimento na educação, boa governação, reforço da integração económica e apoio às gerações mais jovens na sua aspiração a um futuro mais digno.

Recordou que África enfrenta uma série de desafios complexos “que atrasam a sua plena renascença, não obstante o seu imenso potencial”, tendo realçado a questão da paz e segurança, e manifestado preocupação pelo facto de regiões do continente continuarem a viver situações de instabilidade, devido ao terrorismo transnacional e extremismo violento, conflitos armados e tensões inter-comunitárias.

O estadista angolano mostrou-se particularmente preocupado com as pessoas que vivem em zonas de conflito, frequentemente forçadas a fugir das suas casas, tornando-se em deslocados internos ou refugiados em países vizinhos e a quem é negada a vida com um futuro seguro.

Sublinhou que, a este quadro, juntam-se as crises políticas e institucionais, incluindo as caracterizadas por mudanças inconstitucionais de governo e transições contestadas, situação que representa um enfraquecimento do Estado de direito e uma governação frágil.

Na mensagem, apresentada em vídeo, na sede da organização, em Adis-Abeba (Etiópia), João Lourenço destacou o papel determinante de figuras cujos ideais permitiram construir os primeiros alicerces da unidade continental, entre as quais Kwame Nkrumah, Haile Selassie, Julius Nyerere, Gamal Abdel Nasser, Sekou Touré, Agostinho Neto, Amilcar Cabral, Njomo Kenyata e Robert Mugabe.

Salientou que os esforços contínuos da organização continental, para reforçar a governação democrática, promover o desenvolvimento económico sustentável e garantir a paz e a segurança em todo o continente, correspondem à materialização de ideais compartilhados por cada cidadão do continente.

Enfatizou a responsabilidade dos que têm a responsabilidade de conduzir os destinos do continente, solicitando o seu empenho na edificação de uma África com valores, realizações e conquistas, em que todos se possam rever.

O Chefe de Estado angolano lembrou que a luta pela emancipação política do continente africano é uma bússola para as gerações actuais, face aos desafios contemporâneos, tais como a fragmentação política, os conflitos internos e outros flagelos que, infelizmente, assolam o continente.

O Presidente da União Africana reconheceu que, no plano sócio-económico, África está a fazer tudo o que está ao seu alcance para enfrentar o desafio do desenvolvimento inclusivo num contexto mundial incerto.

Referiu-se aos vários desafios que o continente enfrenta, entre os quais realçou o desemprego dos jovens, o acesso limitado à educação, à saúde e à habitação, a insuficiência de infra-estruturas essenciais ao desenvolvimento, como estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos.

Destacou ainda as fontes de produção e transportação de energia e, consequentemente, uma muito baixa taxa de industrialização dos países, dependência de economias pouco diversificadas e os efeitos das mudanças climáticas, como obstáculos à prossecução de uma prosperidade sustentável no continente.

Disse que a dívida crescente de certos países e a sua vulnerabilidade aos choques externos, as crises sanitárias ou as perturbações económicas mundiais acentuam as desigualdades e a fragilidade social, reconhecendo haver a noção clara de que estes desafios exigem respostas concertadas, instituições fortes e uma vontade política renovada.

Apelou para a necessidade de se manter “uma fé inabalável no futuro de África, que, hoje, mais do que nunca, encarna um continente de esperança e optimismo, impulsionado por uma juventude dinâmica, por recursos naturais abundantes e por uma criatividade constantemente renovada”.

Recordou que tem destacado sectores como as tecnologias digitais, as energias renováveis, a agricultura sustentável e a indústria cultural com potencial para África se reinventar, criar valor e contribuir activamente para a economia mundial.

A concluir, disse que a implementação, este ano, da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) e a realização de uma conferência sobre infra-estruturas fazem parte dos desafios da presidência da União Africana.

“Que este dia seja mais do que uma comemoração, que constitua uma âncora para uma nova era de esperança e de construção comum, lembrando sempre o lema do ano da União Africana, “Justiça para os Africanos e Afrodescendentes, através de Reparações”, finalizou o Presidente da União Africana.

PUBLICIDADE