Presidente João Lourenço considera cólera um grande obstáculo ao desenvolvimento


Luanda - O Presidente da República e da União Africana, João Lourenço, considerou, esta quarta-feira, em Luanda, que "a cólera é muito mais do que uma emergência sanitária", representa um grande obstáculo ao desenvolvimento económico, social e humano.
João Lourenço discursava na reunião presidencial de emergência sobre a situação da cólera em África, realizada em formato virtual, organizada pelo Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC-África), por iniciativa do Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, actual campeão da União Africana para a cólera.
No seu discurso, o estadista angolano apontou a cólera como sendo uma oportunidade ideal para "resolver antigos problemas estruturais, através de soluções inovadoras e sustentáveis, investindo em infra-estruturas adequadas de água, saneamento e saúde pública, não apenas para salvar vidas, mas também para gerar ganhos económicos e financeiros concretos, criando as bases sólidas para sociedades mais saudáveis, resilientes e prósperas".
Enfatizou a necessidade de se investir na produção de fármacos nos países africanos, reiterando que, para assegurar uma resposta robusta e sustentável a esta e futuras crises, é fundamental localizar a produção de medicamentos e vacinas no continente.
"A dependência exclusiva de importações externas limita a nossa capacidade de resposta e compromete a nossa soberania sanitária", sublinhou João Lourenço.
O encontro serviu para fazer o ponto de situação do surto de cólera que atinge vários países africanos, com maior incidência no Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Angola.
Participaram na reunião, entre outras individualidades, os Presidentes Félix Tshisekedi, da RDC, Netumbo Ndaitwah, da Namíbia, John Dramani, do Ghana, e Lazarus Chakwera, do Malawi, que foram unânimes em admitir que o recrudescimento da cólera, como epidemia em África, resulta da falta de investimento, durante décadas, em infra-estruturas de saúde, água, saneamento e higiene.
Na sua visão, para debater o estado da cólera em África, é imperioso que o continente seja dotado de capacidade para acelerar a produção local de vacinas e suprimentos indispensáveis, por considerarem que este "não é mais o momento de se ficar à espera de ajudas externas".
A reunião presidencial de emergência sobre a situação de cólera em África contou com a participação do director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A reunião de alto nível foi organizada pelo Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, a agência de saúde pública da União Africana, criada para reforçar as instituições de saúde no continente e lidar com ameaças de doenças.