Presidente da República rende homenagem ao embaixador Brito Sozinho


Luanda - O Presidente da República, João Lourenço prestou, este domingo, a última homenagem ao embaixador Brito Sozinho, falecido a 17 do corrente mês, por doença, aos 84 anos de idade.
Em cerimónia realizada no quartel do Exército, em Luanda, acompanhado da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, o estadista angolano apresentou cumprimento aos familiares e depositou uma coroa de flores junto à urna, coberta pela bandeira nacional, em reconhecimento pelos serviços prestados à Nação.
De seguida, João Lourenço assinou o livro de condolências, enaltecendo o percurso e as qualidades do embaixador Brito Sozinho.
Brito Sozinho, também carinhosamente conhecido como “Brito Kissonde” nas lides culturais, e “Longa Marcha” nas lides político-militares, muito cedo se envolveu com a música, o desporto e a luta política para a libertação de Angola.
Com o despertar da consciência nacionalista aderiu, no período 1958/59, a uma célula política clandestina, e, em 1959, com outros companheiros fundam o Clube Desportivo Ginásio, criado para formação política e difusão cultural entre a juventude e para servir como elemento de consciencialização patriota e monitorização de acções de controlo de agentes infiltrados nos bairros, que colaboravam como informadores do regime salazarista português.
Depois do 04 de Fevereiro de 1961, a 07 de Novembro do mesmo ano, integrou um grupo de sete nacionalistas, que partiram para o exterior, para se juntarem à luta pela libertação nacional.
O grupo era composto por Mário Afonso Santiago, Tomas Sebastião dos Santos, José Eduardo dos Santos, Afonso Van-Dunen "Mbinda", Brito António Sozinho, Luís Gonzaga e Artur Silveiro.
Depois da independência nacional, integra o Ministério das Relações Exteriores, como chefe do Protocolo e do Departamento para África e Médio Oriente da Direcção Geral dos Assuntos Políticos, sendo, em 1980, nomeado director da Direcção África e Médio Oriente (DAMO).
Em 1987, Brito Sozinho é nomeado embaixador extraordinário plenipotenciário de Angola na Nigéria, Benin, Togo, Ghana, Burkina Faso e Niger, com residência em Lagos (Nigéria).
Em Junho de 2001, é transferido para a Republica Unida da Tanzânia, com jurisdição nas Ihas Seicheles, Uganda, Kenya e Burundi, e residência permanente em Dar es Salaam (Tanzânia), e, em Setembro de 2006, é nomeado para a Guiné-Bissau, com residência em Bissau, e jurisdição no Senegal, Guiné (Conakry) e Gâmbia.
Brito Sozinho foi também embaixador no Reino da Suécia, de 2011 a 2014, com residência em Estocolmo, e jurisdição na Dinamarca, Islândia, Finlândia, Estónia, Letónia e Lituânia, e, em Moçambique, de 2014 a 2019, com residência em Maputo, e jurisdição em Eswatini, Malawi e Comores.
Em 1962, em Kinshasa, integrou o grupo musical "Kimbandas do Ritmo", partilhando o palco com outros talentos, contando com a colaboracao do icónico Bonga Kwenda. Mais tarde, na Europa do Leste, para onde foi enviado pelo MPLA para estudar, formou o Conjunto Musical “Nzaji", com outros estudantes angolanos, tendo gravado um disco, na Finlândia, em 1972.
No desporto, Brito Sozinho, foi praticante de Futebol, em Luanda, no Clube Desportivo Ginásio, com sede no Sambizanga, tendo depois da Independência Nacional, estado na génese da criação da agremiação desportiva designada Progresso Associação Sambizanga, de que foi o seu primeiro Presidente.
Segundo o secretário para as Relações Internacionais do MPLA, Manuel Augusto, que leu o elogio fúnebre, no Ministério das Relações Exteriores, a voz de Brito Sozinho "tornou-se um bálsamo, a sua presença um elo de ligação. Reaproximou nações, selou acordos, desenhou os contornos de uma Angola soberana no palco global".
"Cada Embaixada, um capítulo; cada País, uma página na sua vasta e rica biografia diplomática. A sua habilidade em navegar as complexas aguas da diplomacia internacional foi fundamental para a estabilidade e o reconhecimento de Angola no cenario mundial", enfatizou Manuel Augusto.
Manuel Augusto destacou a actuacao de Brito Sozinho na Guiné-Bissau, onde a sua perspicácia e firmeza foram cruciais no repúdio internacional as tentativas de golpe de Estado e no fortalecimento das instituições democráticas, que foi reconhecido pelas autoridades, ao lhe ter sido atribuída a Ordem Nacional Amílcar Cabral, a mais alta condecoração da Guiné-Bissau.