INDEPENDêNCIA

Batalha do Cuito Cuanavale decisiva na libertação da África Austral

Antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, na Conferência Internacional sobre Linha da Frente - Edições Novembro
Antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, na Conferência Internacional sobre Linha da FrenteImagem: Edições Novembro

01/06/2025 09h34

Luanda - O antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, afirmou, em Luanda, que a derrota do exército sul-africano, na batalha de Cuito Cuanavale, marcou um ponto de viragem na conclusão do processo de libertação da África Austral e derrube do regime do Apartheid.

Joaquim Chissano falava, quinta-feira última, sobre "a formação dos países da Linha da Frente e a sua influência na libertação de África", no quadro da Conferência Internacional sobre "O papel dos países da Linha da Frente na Libertação Total de África Austral".

Adiantou que Angola abriu o caminho à aplicação da resolução 435 das Nações Unidas, a libertação da Namíbia e o fim do Apartheid na África do Sul, assim como a libertação de Nelson Mandela.

Referiu que a luta no Cuito Cuanavale esteve sempre acompanhada pelo trabalho diplomático dos líderes, dos presidentes e dos governos dos países que compunham a Linha da Frente, um processo que envolveu diálogos sérios com as autoridades da Reino Unido, África do Sul e de outros Estados.

Recordou que no período de intensificação da luta contra o Apartheid, também se destacou o papel desempenhado pelos países da linha da frente, no quadro do diálogo sobre o Zimbabwe com o Reino Unido e os Estados Unidos da América, num processo que conduziu aos acordos de Lancaster House, que levaram a independência do Zimbabwe, em 1980.

“Desde o início os líderes da Linha da Frente sabiam que a tarefa de libertação da região da dupla opressão do colonialismo e do racismo seria árdua e longa com um preço elevado a pagar”, enfatizou, sublinhando que a independência total e completa de todos os países da região é que os faria sentir seguros e donos do seu destino.

Políticos destacam papel da Linha da Frente na libertação da África Austral

Distintos políticos e diplomatas realçaram o papel estratégico e histórico dos países da Linha da Frente na luta pela libertação total da África Austral.

Ao participarem na Conferência Internacional sobre "O papel dos países da Linha da Frente na Libertação Total de África Austral", destacaram os países da Linha da Frente representaram a vanguarda na luta contra o Apartheid.

O director-geral da Academia Diplomática Venâncio de Moura, embaixador Marcos Barrica, salientou o papel determinante de Angola no apoio aos movimentos de libertação na África do Sul, Namíbia e Zimbabwe, tendo destacado a importância da batalha do Cuito Cuanavale como ponto de viragem para o colapso do regime racista sul-africano.

Salientou ainda o papel da diplomacia como ferramenta essencial para o reforço da unidade africana e da cooperação entre os países do continente, enfatizando que actualmente a luta é pelo desenvolvimento, educação e afirmação das capacidades africanas.

Por seu lado, o secretário do bureau politico do MPLA, Mário Pinto de Andrade, enfatizou a participação indiscutível de Angola em todo o processo histórico, enfatizando que os angolanos devem ter orgulho dos seus combatentes que lutaram e perderam as suas vidas para que a África Austral seja hoje um pilar de integração regional.

O antigo chefe do Estado-Maior General das FAPLA, António dos Santos França “Ndalu”, defendeu a necessidade de a juventude compreender que a independência custou vidas.

"A juventude deve perceber que a vitória sobre uma das maiores máquinas de guerra da região foi possível, porque os angolanos estavam preparados e contaram com o apoio técnico da extinta União Soviética e das forças cubanas", recordou.

Realçou ainda que, após a derrota militar das forças sul-africanas, na batalha do Cuito Cuanavale, Angola estava preparada para avançar com o processo da Namíbia, porque a pressão militar forçou a África do Sul a negociar, culminado na implementação da resolução 435 das Nações Unidas.

A Conferência Internacional sobre "O papel dos países da Linha da Frente na Libertação Total de África Austral" inseriu-se nas comemorações dos 50 anos da Independência Nacional de Angola, visando reflectir sobre o contributo dos referidos países na luta contra o colonialismo e o regime do Apartheid, bem como analisar os desafios actuais da integração e desenvolvimento do continente.

No encontro, os oradores defendem ainda a valorização das experiências históricas como base para formar uma nova geração consciente, com acesso a espaços de debate e disposta a aplicar o legado dos que lutaram pela libertação.

Participaram no encontro membros do governo, políticos, diplomatas, académicos, religiosos, o antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, o ministro da Defesa de Cuba, general Leopoldo Cintra Frías, a secretária-geral da Swapo, Sophia Shaningwa, o embaixador da Rússia em Angola, Vladimir Tararov, entre outras personalidades.

O evento foi promovido pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.

Integravam a Linha da Frente a Tanzânia, sob liderança de Julius Nyerere, Angola, com Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, Moçambique (Samora Machel) Botswana (Seretse Khama) e Zâmbia (Kenneth Kaunda), que trabalharam no processo de libertação da África Austral e o derrube do Apartheid.

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