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Angola propõe criação de missão para fim do conflito no Sudão

Forças paramilitares do Sudão atingem palácio presidencial em Cartum
Forças paramilitares do Sudão atingem palácio presidencial em Cartum Imagens: DR

Redacção

Publicado às 08h32 06/08/2025 - Actualizado às 08h32 06/08/2025

Luanda – Uma proposta para a criação de uma missão conjunta de alto nível para negociar o cessar-fogo e relançar o diálogo nacional inclusivo, para o fim do conflito no Sudão, foi apresentada por Angola numa reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana.

Uma nota de imprensa da Embaixada de Angola na Etiópia indica o país propõe que a comissão seja constituída pela União Africana (UA), Organização das Nações Unidas (ONU), Autoridade Inter-governamental sobre o Desenvolvimento (IGAD) e Liga dos Estados Árabes (LEA), com um mandato claro para negociar o cessar-fogo e relançar o diálogo nacional inclusivo.

Na ocasião, a delegação angolana defendeu o estabelecimento de uma "Task Force Africana" para a unidade do Sudão, como mecanismo de prevenção contra partições forçadas, de supervisão e segurança fronteiriça, para controlar os fluxos transfronteiriços de armas e de combatentes.

Outro ponto proposto pela delegação angolana está relacionado com a urgência de os países africanos e a comunidade internacional adoptarem uma posição comum, coordenada, clara e firme sobre a proliferação, acesso e circulação de armas no Sudão.

Para contornar o actual quadro, Angola sugere a criação de um mecanismo conjunto de monitoramento regional, em estreita colaboração com o Conselho para a Paz e Segurança da União Africana, a Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), a IGAD e o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Este mecanismo conjunto, esclareceu a delegação angolana, destina-se a identificar, bloquear e desmantelar os canais de fornecimento ilegal de armamento às partes envolvidos no conflito, para fazer pressão diplomática sobre os países vizinhos e fornecedores externos, bem como aplicar sanções direccionadas e embargos rigorosos, com supervisão independente.

Angola manifestou a sua preocupação com o agravamento contínuo da crise política, humanitária, económica, social e de segurança no Sudão.

Apesar dos esforços desenvolvidos pela União Africana, através dos mecanismos alargados, a delegação angolana disse que se está a assistir a deterioração alarmante da situação, marcada por fragmentações políticas perigosas e uma escalada militar insustentável.

Desde o início do conflito, em Abril de 2023, contabilizam-se milhares de mortos e feridos, além de mais de 25 milhões de pessoas afectadas por necessidades humanitárias agudas e milhões de deslocados e refugiados.

A maiorias das infra-estruturas vitais do país, nomeadamente hospitais, escolas, sistemas de abastecimento de água e electricidade foram destruídas, destacando-se as crianças e mulheres que têm estado a pagar o preço mais elevado com violações graves dos direitos humanos e actos que desafiam a dignidade humana.

A delegação angolana, que condenou a criação de um "governo paralelo" no Sudão, considerou fundamental uma viragem na abordagem do conflito, tendo em conta a mudança das suas dinâmicas.

A delegação angolana foi dirigida pelo conselheiro Filipe Jaime Ricardo, em representação do embaixador de Angola na Etiópia e representante permanente junto da União Africana e da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Miguel Bembe.

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