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Presidente João Lourenço reconhece papel do Japão na promoção da parceria com África

Presidente discursa na TICAD 9, no Japão
Presidente discursa na TICAD 9, no Japão Imagens: CIPRA

Redacção

Publicado às 12h56 20/08/2025 - Actualizado às 13h11 20/08/2025

Luanda – O Presidente da República e em exercício da União Africana, João Lourenço, reconheceu e enalteceu, esta quarta-feira, em Yokohama, o empenho constante das autoridades japonesas em promover a parceria entre o continente africano e o Japão, através da Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD).

Ao discursar, na abertura da nona edição da TICAD, João Lourenço adiantou que a Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África se tornou numa plataforma crucial para o diálogo, cooperação e realização de acções concretas, capazes de ajudar a impulsionar o progresso do continente africano.

Sublinhou que, desde a institucionalização da TICAD, em 1993, foi possível construir visões partilhadas sobre os caminhos a seguir por África para relançar o seu desenvolvimento, permitindo actualmente reorientar as estratégias de cooperação, centradas na criação partilhada de soluções inovadoras, sem perder de vista os principais interesses do continente, reflectidos na Agenda 2063.

Ao reconhecer as muitas dificuldades com que se debate África, para superar os factores que retardam e condicionam o crescimento económico, João Lourenço enfatizou que se tem que “andar depressa” para recuperar o atraso registado e satisfazer as necessidades fundamentais das populações.

Para o efeito, destacou a necessidade de resolução de questões essenciais que se prendem com a saúde, educação, segurança alimentar, construção de infra-estruturas energéticas, assim como as relacionadas com a mobilidade para se assegurar a circulação de pessoas e bens, comércio e outras ligadas ao suporte à digitalização.

Salientou que a questão central no continente africano assenta sobre o que tem que ser feito rapidamente para resolver o problema da pobreza, dando especial realce aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que, associada a Agenda 2063 da União Africana, tem uma função impulsionadora na resolução dos problemas mais críticos de África.

Defendeu que num mundo actual de absoluta inter-dependência entre as nações, “não há alternativa ao multilateralismo, em cujo contexto se devem discutir os grandes problemas globais, assegurar o espírito de entre-ajuda e garantir a cooperação e a solidariedade internacional para se resolverem os grandes problemas com que a humanidade se confronta”, principalmente a paz e segurança do planeta.

Lamentou que, num contexto mundial caracterizado por uma volatilidade crescente, se assista ao ressurgimento do proteccionismo e das tensões geopolíticas, “situação que põe claramente em risco a ordem mundial baseada no direito internacional e nas normas universais que regem as relações entre os Estados”.

Sublinhou que a União Africana considera o multilateralismo a base de uma ordem internacional justa, previsível e pacífica, considerando estar em consonância com os pilares temáticos da TICAD, designadamente a paz e estabilidade e economia e sociedade.

O Japão tem sido um parceiro coerente e fiável de África, facto que é justo reconhecer, adiantou o Presidente João Lourenço, citando o caso de Angola como um dos exemplos, por estar a beneficiar de projectos estruturantes de grande importância para a sua economia, financiados em condições bastante favoráveis por aquele país.

O Presidente em exercício da União Africana destacou a relação financeira do Japão com a África, que se diferencia de muitos outros credores internacionais, referindo que o continente africano continua a deparar-se com barreiras persistentes e um acesso limitado e sinuoso ao financiamento internacional.

Considerou o Japão um parceiro “incontornável” na edificação de infra-estruturas em África, e recordou que Angola vai acolher, em Outubro próximo, uma Conferência Internacional sobre o Financiamento de Infra-estruturas como factor de Desenvolvimento de África.

Disse que os efeitos práticos sobre as economias africanas e as consequentes melhorias das condições de vida das populações de África passam pela estabilidade e paz efectiva e permanente, enfatizando os esforços que se tem envidado com tenacidade, persistência e perseverança na resolução de todos os conflitos que ainda perduram no continente.

Realçou que decorrem em África vários processos de paz e reconciliação nacional, outros em fase de negociação com perspectivas bastante animadoras e uns quantos relativamente aos quais ainda não se vislumbra uma solução de paz, tão cedo quanto todos desejariam que ocorresse.

Enfatizou a sua determinação em silenciar as armas em África, revelando que, por iniciativa de Angola, vai se realizar, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Setembro próximo, uma reunião especial de Chefes de Estado e de Governo, para se aprofundar a análise sobre as causas dos conflitos em África e perspectivar soluções que se ajustem, sobretudo a natureza dos mais remitentes e complexos.

“Uma nuvem de esperança se vem desenhando, quanto a tão almejada resolução do conflito no Leste da RDC e o estabelecimento da paz definitiva em toda a região dos Grandes Lagos”, referiu, tendo lamentado o curso do conflito no Sudão.

Lamentou que se continue a assistir, no Médio Oriente, ao genocídio do povo palestino, na Faixa de Gaza, e a ameaça de expulsão das suas terras para um exílio sem retorno.

Sobre a guerra na Ucrânia, que ameaça a paz e segurança em todo o continente europeu, sublinhou que deve terminar à mesa de negociações, tendo encorajado todas as iniciativas que procurem colocar as partes beligerantes a negociar a paz justa e duradoura.

Nos últimos anos, disse, o mundo assiste, sem reagir, a um total desrespeito ao Direito Internacional e aos princípios plasmados na Carta das Nações Unidas, instrumentos criados há décadas para regular as relações internacionais entre Estados e países, prevenir as guerras e conflitos armados, garantir a paz e segurança universais.

Reiterou a necessidade de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para trazer uma outra forma de abordagem, prevenção e resolução dos conflitos que ameaçam o planeta.

A Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África, que foi criada em 1993, tem sido uma plataforma importante de promoção da cooperação, baseada numa parceria sustentável e de
colaboração entre os Estados-membros da União Africana e o Japão.

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