João Lourenço destaca alinhamento de África e Japão sobre prioridades no relacionamento


Luanda – O Presidente da República e em exercício da União Africana, João Lourenço, destacou, esta sexta-feira, em Yokohama, o alinhamento de posições entre África e o Japão, a respeito das prioridades para alcançar os objectivos estabelecidos na Agenda 2063 da organização continental.
Ao discursar no encerramento da nona Conferência Internacional de Tóquio sobre Desenvolvimento de África (TICAD9), João Lourenço sublinhou a atenção que tem merecido, por parte do Japão, a Agenda 2063, no âmbito da colaboração e da disponibilização de recursos destinados para a sua concretização.
A nona conferência, realizada durante três dias, abordou vários assuntos de interesse comum, relativos à paz e estabilidade, economia e sociedade, enfatizou o estadista angolano, enfatizando que os debates foram profícuos e contribuíram para o estabelecimento de uma visão realista sobre a ideia da co-criação de soluções para a modernização dos modelos de governação.
Defendeu que sejam modelos que ajudem a perspectivar soluções para garantir segurança alimentar, melhorar sistemas de ensino, educação e saúde, reforçar as infra-estruturas em todos os domínios necessários, nas áreas das energias, mobilidade e digitalização.
Reconheceu que a ampla convergência de opiniões e de pensamento plasmada na Declaração Final da conferência indica que, entre África e o Japão, existe um longo caminho já percorrido com resultados plausíveis e um percurso por fazer, com perspectivas de concretização de iniciativas e projectos de desenvolvimento de grande alcance para o futuro do cotinente.
Destacou as bases sólidas com que tem sido construída a parceria com o Japão, desde 1993, quando surgiu a TICAD, sublinhando a assinatura de dezenas de instrumentos jurídicos nesta conferência vão contribuir para o processo de integração regional de África, através da Zona de Comércio Livre Continental Africana.
João Lourenço salientou o papel inquestionável a desempenhar pela zona de comércio livre, no esforço de desenvolvimento de África e da contribuição que pode prestar ao reforço da economia mundial, sobretudo quando se conseguir garantir a paz e estabilidade total no continente.
Exortou para a necessidade de se agir em coordenação e articulação com os parceiros internacionais de África, entre os quais o Japão, no sentido de se levar a bom termo e com urgência os processos de paz em curso no continente e os esforços, ao nível das Nações Unidas e outros órgãos internacionais, para terminar as guerras e conflitos que assolam várias regiões do planeta.
Assistiram ao encerramento da TICAD9 , o Primeiro-Ministro do Japão, Shigeru Ishiba, Chefes de Estado e de Governo dos Estados-Membros da União Africana ou seus representantes, o Secretário-Geral das Nações Unidas Excelência António Guterres, o presidente da Comissão da União Africana, assim como representantes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, entre outras individualidades.
Japão cria comissão para cooperação económica com África
No quadro da TICAD, o Primeiro-Ministro do Japão, Shigeru Ishiba, anunciou, esta quinta-feira, a criação de uma comissão especializada do Estado para se encarregar do fortalecimento da cooperação económica com África, com envolvimento dos sectores público, privado e académico.
Falando no debate sobre Diálogo Empresarial Público-Privado, no âmbito da nona edição da Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento Africano, disse ter expressado aos mais de 20 chefes de Estado presentes, em Yokohama, o seu respeito e reconhecimento pelos avanços feitos pela liderança da União Africana na implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana.
Adiantou que o Japão também vai cooperar para o fortalecimento da conectividade regional, dentro e fora do continente, promover o desenvolvimento industrial das regiões vizinhas e fortalecer a logística regional transfronteiriça.
De acordo com o chefe do Governo nipónico, o Japão projecta ser fonte a única de conexão do continente africano às demais regiões do mundo, além de fortalecer o financiamento para o crescimento sustentável, liderado pelo sector privado.
Em parceria com instituições financeiras de desenvolvimento, disse, o Japão está em busca da combinação ideal entre recursos públicos e privados para contribuir para a solução de desafios sociais, incluindo o desenvolvimento industrial em África.
Admitiu que a comunidade internacional enfrenta actualmente crises complexas, como o aquecimento global, que está a afectar essencialmente a agricultura e a pesca, para as quais a parceria entre o Japão e África deve ser forte.
Defendeu o aumento do número de empresas startups para fomentar indústrias que gerem empregos, tendo considerado importante a transição de agricultura e silvicultura para a industrialização, uma vez que o sector de manufactura pode empregar muitas pessoas, sobretudo jovens.
Sublinhou ser necessário cultivar e ampliar o ecossistema industrial entre o Japão e África e promover a iniciativa de co-criação industrial Japão-África.
Indicou que, no aspecto financeiro, o Japão reforçou a função da iniciativa conjunta para o desenvolvimento do sector privado africano, um quadro da cooperação entre o Japão e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), ampliando o montante para até 5,5 milhões de dólares.
Indicou que o Japão vai utilizar ao máximo o seguro de crédito à exportação para reduzir riscos empresariais, defendendo ser indispensável lidar com a questão da dívida para garantir o crescimento sustentável.