João Lourenço considera África uma realidade de oportunidades e de crescimento


Luanda – O Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, destacou, este domingo, em Nova Iorque, que muitos Estados africanos implementaram reformas estruturantes que reforçam a atractividade do continente.
Ao discursar na Mesa Redonda de Alto Nível de Diálogo Nações Unidas-União Africana sublinhou que as reformas estão centradas na modernização de infra-estruturas, desburocratização dos processos administrativos, fortalecimento da transparência e da boa governação, consolidação da estabilidade macro-económica e diversificação das economias nacionais.
Ao recordar que o mundo está marcado por uma profunda instabilidade geo-política e económica, enfatizou a África pode se afirmar como um parceiro estratégico, estando em curso a Agenda 2063 da União Africana que traduz a ambição de transformar o continente, através da industrialização, modernização das infra-estruturas, integração regional e elevação do bem-estar social das populações.
“África é reconhecidamente um continente com um grande potencial”, sublinhou o Presidente angolano, adiantando que o continente está a tornar-se num espaço de decisões transformadoras e de projectos concretos, citando, a título de exemplo, o do Corredor do Lobito, em Angola, como uma referência de conectividade regional e integração produtiva.
Considerou que a capacidade de África realizar os seus grandes objectivos, no plano do desenvolvimento económico, assenta nos recursos naturais de que dispõe, na sua população jovem e dinâmica e nos mercados consumidores em acelerado crescimento, o que lhe confere condições únicas para atrair investimentos, gerar valor acrescentado e consolidar cadeias de valor regionais.
Destacou a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), por representar um mercado integrado de mais de 1,3 mil milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto superior a três biliões de dólares, o que oferece ao sector privado condições únicas para investir, expandir operações e prosperar em segurança.
“Ao eliminar barreiras tarifárias, harmonizar quadros regulatórios e promover cadeias de valor regionais, a ZCLCA cria um ambiente favorável a investimentos que não apenas asseguram retornos financeiros sólidos, mas também impulsionam a industrialização, a geração de emprego qualificado e a retenção de riqueza em África”, rematou o estadista angolano.
Reiterou que o sector privado desempenha um papel central, como motor da inovação, criação de emprego e diversificação económica, constituindo-se como parceiro indispensável na construção do futuro de África.
Disse ser necessário a promoção de parcerias estratégicas com benefícios recíprocos que contribuam para a modernização das infra-estruturas e dinamização da transformação produtiva e industrial.
Defendeu que África deve deixar de exportar matérias-primas em bruto, incentivando o investimento do sector privado em cadeias de valor agro-industriais, mineração com maior incorporação de valor acrescentado e em sectores de transformação produtiva que potenciem a geração de emprego qualificado, fortalecimento da competitividade regional e retenção de riqueza dentro do continente.
Realçou que as parcerias público-privadas assumem um papel decisivo, ao permitirem que o capital privado financie, opere e expanda infra-estruturas críticas, nos domínios da energia, transportes, telecomunicações e água, visando ajudar a reduzir a pressão sobre os orçamentos públicos, acelerar o acesso a serviços essenciais e gerar impactos duradouros no desenvolvimento económico e social.
Participaram na mesa redonda, António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, Amina Mohamed, secretária-geral adjunta da ONU, Mahamoud Ali Youssouf, Presidente da Comissão da União Africana, entre outras altas figuras, incluindo líderes do sector privado africano.