Política

Política


PUBLICIDADE

MPLA apela à união dos angolanos para consolidar a paz

Presidente do MPLA, João Lourenço
Presidente do MPLA, João Lourenço Imagens: Edições Novembro

Redacção

Publicado às 14h33 13/12/2025 - Actualizado às 10h45 14/12/2025

Luanda – O Presidente do MPLA, João Lourenço, apelou, este sábado, em Luanda, à união de todos os angolanos como condição essencial para a consolidação da paz, da reconciliação nacional e do desenvolvimento sustentável do país.

Ao discursar no acto político alusivo ao 69.º aniversário do MPLA, celebrado no passado dia 10, perante milhares de militantes, simpatizantes e amigos do partido, afirmou que as divergências de natureza partidária ou de outra ordem não devem voltar a dividir o povo angolano, pois o presente e o futuro exigem coesão, maturidade política e sentido de responsabilidade colectiva.

João Lourenço realçou que a paz permanece como o maior património da nação, lembrando que sem este valor fundamental não é possível promover o desenvolvimento económico e social.

Acrescentou que a reconciliação nacional continua a merecer atenção permanente do Executivo e do partido, através de várias iniciativas que contribuem para o fortalecimento da convivência harmoniosa entre os cidadãos.

Referindo-se ao processo democrático, o Presidente do MPLA reafirmou que as eleições, realizadas nos prazos constitucionalmente estabelecidos, constituem um exercício normal da democracia e não devem ser encaradas como factor de desunião.

Afirmou que a competição política deve ocorrer de forma pacífica e civilizada, com respeito as regras democráticas.

Projecto político do MPLA

No seu discurso, João Lourenço defendeu a continuidade do projecto político do MPLA e recorreu à metáfora de que “o cavalo que ganha não deve ser substituído”, mas sim valorizado e fortalecido, para continuar a alcançar vitórias em benefício do povo angolano.

O também Presidente da República, reiterou que o MPLA, enquanto principal suporte do Governo, orienta a acção governativa através do Programa de Governação, garantindo que todas as medidas adoptadas visam exclusivamente o interesse nacional e a melhoria das condições de vida da população.

Apelo à juventude

Noutra parte da sua intervenção, o líder do partido governante apelou à juventude angolana para que se inspire nos feitos das gerações passadas e cumpra a sua parte no desenvolvimento económico e social de Angola.

Chamou a atenção às novas gerações a canalizar energias para construir um país mais próspero, consolidar a paz e aprofundar a democracia.

Lembrou os sacrifícios do passado e sublinhou a importância de transmitir às gerações presentes e futuras as vitórias alcançadas.

“Não basta falar do período trágico que atravessamos, é preciso que conste na história, para que sirva de incentivo à construção do país hoje e amanhã”, frisou.

Referindo-se ao MPLA, ressaltou que o partido tem reiterado sucessivamente a confiança dos eleitores em todo o país, graças à sua preocupação em atender às necessidades do povo.

Salientou que o contrato entre o povo e o MPLA tem sido renovado quase automaticamente, porque o povo reconhece que o partido serve verdadeiramente os seus interesses.

João Lourenço exorta para educação rodoviária dos jovens

Ainda no seu discurso sobre os 69 anos de existência do MPLA, João Lourenço defendeu a necessidade de se reforçar a educação da juventude para a segurança rodoviária, face ao elevado número de sinistros registados nas estradas do país, muitos deles com consequências graves ou mortais para os jovens condutores.

Disse que a perda de controlo emocional e a condução irresponsável estão entre as principais causas dos acidentes rodoviários.

Deste modo, referiu que compete ao Estado, às famílias e à sociedade, de forma conjunta, educar os jovens para uma condução responsável.

Apontou o Ministério do Interior como um dos actores fundamentais neste esforço.

João Lourenço alertou ainda para os riscos associados à condução de viaturas de grande cilindrada, pois este tipo de automóveis não deve ser conduzido por motoristas sem a preparação técnica e a maturidade necessárias.

Milhares de militantes lotaram o espaço adjacente ao futuro Hospital dos Queimados na Centralidade do Kilamba, em Luanda, para festejar os 69 anos do MPLA.

Eis o discurso na íntegra: 

VIVA! Viva a OMA!

VIVA! Viva a JMPLA!

VIVA! Viva o Povo Angolano!

VIVA! Viva Angola!

VIVA! Caros camaradas, caros cidadãos…

[LÍDER, LÍDER, LÍDER…]

Muito obrigado, muito obrigado!

Vamos aproveitar, enquanto não está muito sol, não está muito quente, porque sei que há aqui camaradas que devem estar nesta praça desde muito cedo. Vamos aproveitar o tempo.

Se repararam bem, eu dizia: “caros camaradas, povo angolano”; Povo angolano, porque eu pretendo falar não apenas “para dentro”, como se diz, para o MPLA, mas pretendo aproveitar esta oportunidade para falar para os angolanos no geral. Porque os partidos políticos só têm uma razão de ser: é servir o Povo, independentemente das cores políticas que cada um veste.

A única razão de ser dos partidos políticos é servir o Povo. Daí eu dizer que quero falar para os angolanos no geral, onde, naturalmente, nós, os amigos, simpatizantes e militantes do MPLA, obviamente, estamos inseridos.

Esta actividade tem como objectivo comemorar duas efemérides importantes: o 69.º aniversário do nosso glorioso MPLA, mas também o 50.º aniversário da Independência Nacional de Angola. Não se pode falar da Independência Nacional de Angola dissociando-a do MPLA. Isto não é possível. O MPLA é o partido da Independência.

Foi o seu Presidente, na altura, o Presidente António Agostinho Neto quem proclamou a Independência Nacional de Angola a 11 de Novembro de 1975. Daí estarmos muito felizes, estarmos em festa duplamente, por estarmos a comemorar, ao mesmo tempo, o 69.º aniversário do nosso glorioso MPLA e o 50.º aniversário da nossa Independência Nacional. Sobre os 50 anos da Independência Nacional já muito se falou.

No decorrer deste ano de 2025, levamos a cabo um conjunto de actividades, de eventos de carácter nacional, mas não só, e todos eles estiveram enquadrados no vasto programa de comemorações dos 50 anos da nossa Independência.

Cinquenta anos são 50 anos. Daí termos levado a cabo este vasto programa de comemorações, porque entendemos que justificava esta data dos 50 anos da nossa Independência. A nossa Independência não foi entregue de bandeja. A nossa Independência foi conquistada à custa de muitos sacrifícios, à custa do sacrifício de milhões de angolanos, que, ao longo do tempo - mesmo ainda antes de 1961, data do início da luta armada -, das mais diferentes formas, lutavam pela sua Independência.

E o que nós procurámos fazer com as várias actividades que levamos a cabo, no decorrer do ano, foi homenagear esses milhões de angolanos. Não importa de que região do país sejam, de que grupo étnico, de que género, da sua condição social, e até mesmo de que partido político sejam, homenageámos de uma forma geral os angolanos que, cada um, de uma forma ou de outra, contribuíram para que pudéssemos alcançar a nossa Independência Nacional.

Das diferentes actividades que realizámos com este objectivo de festejar, de comemorar, de reconhecer o esforço, o sacrifício e a contribuição de todos, gostaria de destacar, de particularizar as várias cerimónias de condecorações. Nós condecorámos, ao longo de alguns meses, perto de cinco mil cidadãos. Não chegaram! Foram 4.600 e qualquer coisa…

É óbvio que não foram apenas esses 4.600 e tal cidadãos que, com a sua luta, com o seu trabalho, com o seu esforço, tornaram possível o sonho da Independência. É óbvio que não! O que significa que aqueles que receberam das minhas mãos a sua medalha, essa medalha não pertence apenas a eles. Eles estão a representar os milhões de angolanos aos quais, se fosse fisicamente possível, teríamos entregado a todos eles aquela medalha.

Está claro?

Repito, aos poucos mais de 4.600 cidadãos que ostentam hoje, no seu peito, a medalha comemorativa dos 50 anos, aquela medalha pertence não apenas a eles. Aquela medalha pertence aos milhões de angolanos que, ao longo dos tempos, não apenas em 1975, mas que, ao longo dos tempos, foram lutando e com a sua luta tornaram possível aquela cerimónia de proclamação da Independência pelo Presidente António Agostinho Neto a 11 de Novembro de 1975. Nós atravessámos momentos tão difíceis, que escusamos de repetir aqui tudo o quanto passámos durante o colonialismo, tudo o quanto passámos durante as guerras de agressão.

O povo angolano sofreu bastante. Mas contámos com a solidariedade de outros povos. E nós não fomos ingratos. Nas comemorações não nos esquecemos deles. Tivemos o cuidado de procurar homenagear também entidades estrangeiras que representam países, organizações que, naquela altura, muito longe de imaginarem que nós conseguiríamos nos tornar efectivamente independentes, de forma desinteressada nos ajudaram a derrotar o colonialismo português, a derrotar o regime do Apartheid da África do Sul. Ajudaram-nos também na fase de reconstrução do nosso país.

Terminada a guerra em 2002, muitos desses países, de uma ou de outra forma, contribuíram para que pudéssemos retirar o nosso país dos escombros em que se encontrava e pudéssemos dar início à reconstrução do país e ao desenvolvimento económico e social de Angola.

A todos eles reitero aqui, publicamente, o nosso muito obrigado. Foi graças a esse esforço conjunto, solidário, que nós chegámos aonde chegámos. Estamos a construir um país que vai no caminho certo. Estamos a construir um país que tem como preocupação, neste momento, consolidar a paz e a reconciliação nacional, aprofundar a democracia, desenvolver o nosso país do ponto de vista económico e social. Esta é a nossa preocupação do momento e do futuro.

Temos sempre de nos recordar do passado, de transmitir às gerações presentes e vindouras por que caminhos dolorosos passámos para que eles tudo façam no sentido de nunca mais Angola regressar àqueles momentos horríveis por que passámos.

Mas não basta passarmos a vida a falar desse período trágico. Precisamos de falar apenas para que conste na história, para que as gerações presentes e futuras não se esqueçam desse período, e que aquilo possa servir de incentivo para consumirem energias na tarefa do hoje e do amanhã que é desenvolver, do ponto de vista económico e social, o nosso país. As novas gerações precisam de se inspirar em alguma coisa. Precisam de se inspirar naquilo que as gerações passadas fizeram, para que elas possam cumprir com a sua parte, fazendo, noutra área, noutro domínio - económico e social -, igual ou melhor do que fizeram as gerações passadas. Portanto, caros camaradas, Povo Angolano!

O MPLA é o partido governante. Temos vindo a reiterar sucessivamente a confiança dos eleitores no geral, não apenas dos nossos militantes. E temos vindo a conseguir isso, porque, efectivamente, nos temos preocupado em procurar resolver os problemas do povo. Somos um bom trabalhador, que vai ao encontro das aspirações do seu patrão. Quando o trabalhador trabalha bem, o patrão despede?

? NÃO!

? O patrão não despede!

Então, é por isso que o patrão tem renovado o nosso contrato, entre o patrão e trabalhador, entre o povo angolano e o MPLA que está a servir o seu patrão: o povo angolano. Esse contrato tem vindo a ser renovado quase que automaticamente, porque o patrão tem vindo a concluir que se despedir esse trabalhador, ninguém vai fazer igual ou melhor que ele. Há alguém que vai fazer igual ou melhor que nós?

? NÃO!

Então, não despede. Costuma a dizer-se que, numa corrida de cavalos, o cavalo que ganha não pode ser substituído. Tem que ser acarinhado, tem que ser melhor alimentado, para que ele continue a trazer taças e medalhas a favor dos proprietários. Nós vamos continuar a trabalhar para consolidarmos a paz - porque sem paz não há desenvolvimento! - para consolidarmos a reconciliação entre nós; porque também sem reconciliação, com divisões entre o povo, por razões partidárias ou de qualquer outra ordem, não vamos desenvolver o nosso país.

Daí nós termos tido várias iniciativas - não vou citar todas - que contribuem para o fortalecimento, quer da paz quer da reconciliação entre nós, os angolanos. Tem que haver eleições, como a Constituição determina, de cinco em cinco anos. Nos períodos apropriados, vamos procurar mobilizar, cada um, cada partido político, apoios para ver se ganha as eleições. Mas isso não pode ser razão para nos dividir, para estarmos desavindos. Já basta o passado!

No presente e no futuro, o simples facto de disputarmos o poder, pela via mais democrática que conhecemos, que é a via das eleições, não pode desunir este povo. O povo angolano tem que continuar unido para cumprirmos juntos com a missão de trabalharmos. A favor de quem? De trabalharmos em nosso próprio favor.

Tudo o que nós fizermos será em benefício não de outrem, mas em benefício de nós próprios, em benefício do povo angolano. Nós identificámos a nível do Governo - e o nosso partido é o principal suporte do Governo, tudo quanto estamos a fazer é porque o partido assim orienta, através do programa de governação que é aprovado, regra geral, em vésperas das eleições e sufragado pelos eleitores - o que é que temos de fazer para garantir o bem-estar dos angolanos.

Temos de diversificar a nossa economia. A nossa economia ainda está - e digo ainda, porque a tendência é alterar - muito dependente das receitas do petróleo. Ter petróleo é bom, mas não podemos adormecer por cima dos barris de petróleo. Depender de um único produto de exportação não é seguro. Ainda por cima um produto cujos preços não dependem apenas do país que o produz. São commodities, como se diz, cujos preços são encontrados em bolsas de valores, muito distante daqui. Os preços são-nos impostos e a nós não nos é dada sequer a oportunidade de discutir.

Todos os dias estamos atentos a quanto é que está o barril do petróleo. Quem deu esse preço não fomos nós. Não foram os países produtores quem deu esse preço. Foi o mercado internacional.

Portanto, significa que a dependência é dupla: dependemos de um único produto, que é perigoso, e dependemos também dos preços que não somos nós a estabelecer, nem sequer a influenciar. Nem isso! Nós não influenciamos. Então, temos que diversificar a economia.

Esta é a mensagem que nós temos passado todos os dias. Felizmente, o nosso sector empresarial privado parece-me ter compreendido bem essa mensagem. Nós já começamos a sentir iniciativas muito interessantes de diversificação da nossa economia. Já há muitos privados, até jovens, que estão com iniciativas muito interessantes de procurar produzir no país tudo aquilo que é possível fazê-lo internamente.

Quanto menos importações de bens essenciais tivermos, para satisfazer as necessidades da nossa população, melhor. Nós temos encorajado, temos incentivado, os cidadãos no geral, porque, para ser empresário, basta ser cidadão, não precisa de ser mais nada. Só precisa ser cidadão e ter iniciativas.

Se precisar de ir buscar crédito, procura conseguir esse crédito, não precisa de começar com milhões, muito menos com biliões, pode começar pequeno e ir crescendo, se fortalecendo, que algum dia há-de chegar a grande. Portanto, como dizia, a mensagem está bem passada, e nós começamos a perceber que também está bem entendida. O pior que pode acontecer a um povo é importar comida.

E digo isso porque produzir podemos produzir tudo. Bens essenciais são diversos. Mas o principal bem essencial, sem sombra de dúvidas, são os bens alimentares. Temos de procurar produzir cada vez mais e com mais qualidade os bens alimentares que todos os dias chegam à mesa do cidadão, à mesa dos consumidores. A agricultura deve ser considerada a principal actividade económica do nosso país.

Temos de apoiar - e isso é o que vimos fazendo - não só os grandes fazendeiros, mas, sobretudo a agricultura familiar, as milhares de famílias que se dedicam à produção de bens alimentares.

Só há uma forma de se baixarem os preços da cesta básica: é aumentar a produção, é aumentar a oferta. Não há nenhuma varinha mágica, nenhum decreto presidencial, que possa fazer baixar os preços. Isso não existe!

Em economia de mercado não existe! Existe o princípio do equilíbrio que deve haver entre a oferta e a procura, entre a produção e o consumo. Temos de lutar sempre para que a produção supere o consumo. E para isso somos poucos. Estamos todos chamados a contribuir para o aumento da produção agrícola e pecuária no nosso país.

Nós temos tudo para conseguir dar este salto, o de reduzir as importações de bens alimentares, produzindo-os localmente. Temos todas as condições. Precisamos é de recorrer mais a uma das condições que eu considero principal, que é o empenho das pessoas. Temos que nos empenhar mais, temos que trabalhar mais em todos os domínios, mas particularmente no domínio da agricultura.

Temos que aproveitar melhor as terras aráveis de que o nosso país dispõe. O sector da agricultura e os governos provinciais têm que trabalhar juntos na identificação de terrenos que estão atribuídos, muitas vezes gratuitamente pelo Estado, mas cujos beneficiários, ao longo de décadas, nunca puseram sequer um pau de mandioca. Esses merecem continuar com essas terras?

- NÃO!
Não merecem!

Porque há quem tenha vontade de trabalhar e não tem terra. Não é verdade?

É!

E há quem tenha vontade de trabalhar e anda à procura de terras. E há quem tenha terras de grandes dimensões, há 10, 15, 20 anos, e nunca colocou um grão de semente de milho ou uma estaca para fazer mandioca. Este não merece que o Estado continue a confiar nele, em detrimento daqueles que têm vontade, para, usando essas mesmas terras, produzirem alimentos necessários para as nossas populações. Nós precisamos, para desenvolver o nosso país, apostar mais na educação.

Tudo quanto temos vindo a fazer no sector da educação parece muito, mas não é. Ainda estamos aquém do que já deveria ter sido feito. E não interessa estarmos agora atrás de desculpas, porque é guerra, porque é Covid-19…

Tudo bem, a guerra atrasou o desenvolvimento, é verdade, não deixa de ser verdade. A Covid-19, por um período curto, também atrasou, mas vamos esquecer isso. Já não temos guerra, já não temos Covid-19.

Vamos empenhar-nos mais, investindo na educação, na formação dos nossos jovens, para que sejam eles a desenvolver a nossa economia, a nossa sociedade. Nós temos alocado recursos para tornar possível o aumento da oferta dos estabelecimentos escolares.

Fizemo-lo enquanto durou o PIIM, as obras do PIIM, mas continuamos preocupados com a mesma situação. Hoje, já fora do PIIM, continuamos a alocar avultados recursos para a educação, para o ensino superior, para a formação profissional. Precisamos de saber aproveitar bem esses recursos financeiros que o Executivo coloca à disposição dos ministérios, mas também das províncias e dos municípios.

Assinar um despacho ou um decreto presidencial faz-se num minuto. Eu autorizo as verbas. Daí para frente é que começa o trabalho. Depois da autorização é que o trabalho verdadeiro começa. Temos que identificar os empreiteiros, temos que identificar os locais onde vamos colocar as escolas e temos, sobretudo, que garantir que a obra iniciada é para ser concluída. Obra iniciada é para ser concluída!

A única razão que pode levar à paralisação de uma obra é a falta de dinheiro. Esta é a única. Fora disso, quaisquer outras razões - “porque quando ganhei o concurso não sabia que o local de construção da escola é assim tão longe, não sabia que a estrada estava esburacada, que ia dar cabo das molas do meu camião”- não são aceitáveis.

Se você ganhou o concurso, estudou o caderno de obras, fez as perguntas que quis fazer, se não foi, devia ter ido ao local para ver se tem buracos, se não tem buracos, depois disso é que você aceita a obra. E não aceitar a obra depois abandoná-la, sob o pretexto de que o camião partiu uma mola num dos buracos a caminho do município ou da comuna.

Nós temos, enquanto Estado, enquanto Executivo, também as nossas responsabilidades para o desenvolvimento do nosso país. E temos procurado, na medida do possível, cumprir com as nossas responsabilidades, nomeadamente no que diz respeito às infra-estruturas de todo o tipo: infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias, energéticas, de água.

Tudo isso são tarefas de responsabilidade do Executivo. Nós temos, com os recursos de que dispomos e muitas vezes recorrendo a financiamento externo, procurado honrar com a parte que nos compete. É assim que, em termos de estradas, estamos a trabalhar. A rede viária nacional é muito grande.

O nosso país é extenso. Nós não estamos muito mal em termos de rede viária e mesmo do seu estado de conservação, mas temos a noção de que, mesmo assim, ainda temos muito o que fazer. Terminámos a Estrada Nacional 230, que liga Luanda ao leste de Angola, numa distância bastante grande. Levou o seu tempo, mas concluímos. Concluímos ou não? Os camionistas faziam dias na estrada para ligar Dundo a Luanda, ligar Saurimo a Luanda. Hoje, fazem horas! É uma estrada por onde se circula de forma bastante confortável. Às vezes, até já nos arrependemos de fazer a estrada.

Sabem porquê? Porque, com a estrada nova, infelizmente os nossos jovens matam-se. Nem todos aguentam o volante a mais de 150 km/hora. E nós temos que preservar a vida. A vida humana é muito importante. Quando eu dizia que nos arrependemos, o que quero dizer não é que vamos deixar de fazer boas estradas. Vamos continuar.

Mas precisamos, paralelamente a isso, de educar os nossos jovens. Viro-me sobretudo para a juventude que tem sangue nas guelras, como se diz. Tem adrenalina a níveis muito altos. Perdem facilmente o controlo das suas emoções. Então, compete-nos a nós, os mais velhos, compete ao Estado, com as suas instituições, educar os nossos jovens para a segurança rodoviária.

O número de sinistrados nas nossas estradas é muito grande. É muito elevado mesmo. São jovens que ficam sem pernas, sem braços, isso quando não têm uma fractura craniana que lhes leva a vida. Então, o Ministério do Interior e não só, o Executivo, as famílias, a sociedade, todos juntos, vamos trabalhar na educação da nossa juventude para conduzirem com responsabilidade.

Os angolanos gostam de carros de uma cilindrada elevada. Os carros de grande cilindrada não podem ser conduzidos por qualquer um. Quando digo qualquer um, estou a querer dizer um motorista que não está preparado para conduzir um carro de muito alta cilindrada. Mas estávamos a falar das infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e outras.

Nós temos o Caminho-de-Ferro de Benguela há muitos anos. Ainda desde o tempo colonial. É verdade que a guerra tornou inviável a circulação pelo Caminho-de-Ferro de Benguela, mas, no quadro da reconstrução nacional, a linha foi reconstruída. Só que a gestão continuou nas mãos do Estado.

E, talvez, por essa razão, nós não tivéssemos conseguido tirar o máximo de rendimento desta infra-estrutura que é de suma importância não apenas para a economia de Angola, mas para a economia da região. Nós tomámos a decisão de concessionar a gestão do Caminho-de-Ferro de Benguela e fazer dele o mais importante corredor logístico do nosso continente.

Investir não é apenas pôr dinheiro. Investir também é tomar esse tipo de decisões, de dizer “é melhor que essa infra-estrutura seja gerida por um privado, por um consórcio privado, do que pelo Estado”. Isto também é investimento, investir numa boa gestão, a exemplo do que estamos a fazer agora com o novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto.

O Estado construiu aquela infra-estrutura com dinheiros públicos, mas não vai ser o Ministério dos Transportes que vai gerir aquele gigante, que muito nos orgulha. Fomos à procura de gestão privada que tem qualificações adequadas para gerir o aeroporto.

Acabámos de inaugurar as Obras de Requalificação da Baía e do Porto de Moçâmedes, no Namibe, e vamos seguir o mesmo princípio. A gestão não vai ser pública. Via concurso público, alguém vai gerir o importante activo. Vamos fazer o mesmo em Cabinda com o Porto do Caio, que deve ficar pronto em Maio ou Junho do próximo ano. O investimento é público, mas não queremos que a gestão seja pública. Vamos também, por via do concurso público, entregar a gestão, a concessão a privados. E por aí fora.

Em termos de energia, o Estado também investiu na produção de energia. O país hoje tem uma produção razoável de energia eléctrica. É, felizmente, energia limpa que não agride o Ambiente, energia hidroeléctrica. Mas já produzimos legislação para que o sector privado entre também no sector energético, quer na construção, quer, sobretudo, na comercialização da energia, para fazer chegar a energia a casa das pessoas.

Não interessa nos gabarmos de que estamos a produzir muita energia, se essa mesma energia não acende uma lâmpada em casa do cidadão. Não é verdade?

-SIM!

Ter muita energia ociosa que não está sendo consumida, nem vendida, só é meio trabalho realizado. Temos de completar o nosso trabalho. E vamos buscar parcerias. E não vai ser o Estado a fazer tudo. Já estamos atrás de parcerias, para que os parceiros privados contribuam também com o seu saber, quer no aumento da produção, quer na transportação e distribuição da energia, internamente, para as nossas indústrias nacionais, para os nossos lares, mas também para vender aos países vizinhos a Norte, a Sul, e a Leste de Angola.

Caros camaradas;

Muitos dos presentes aqui, nesta praça, talvez não tenham vivido o período de Partido Único. Mas, em casa, com os pais, com a sociedade, conhecem um bocado do que foi o sistema de Partido Único. O MPLA entendeu, já há bastante tempo, que tinha chegado o momento de abrir a sociedade à democracia. Fê-lo, e muito bem, e hoje as liberdades e garantias, os direitos dos cidadãos, estão mais asseguradas.

Mas, mais recentemente, fizemos um gesto idêntico àquele que fizemos anos atrás em relação à sociedade no geral, também a nível interno do Partido. Democratizamos mais o nosso Partido.

Hoje, ouvimos dizer que o MPLA é um partido fechado que não aceita múltiplas candidaturas, o que não é verdade.

Os camaradas da Jota estão aqui à minha frente.?Quando foi do Congresso da JMPLA, o camarada Capapinha foi candidato único??-NÃO!?Foi candidato único??-NÃO!?Então, quer dizer que houve múltiplas candidaturas.

A resposta é tão simples quanto isso.

A OMA vai ter Congresso daqui a meses, daqui a três meses, em Março. As camaradas da OMA também estão aqui, já estão no processo orgânico. Elas que me respondam. Vão ter candidata única?

-NÃO!

Não vão ter candidata única?

-NÃO!

Então, porque tanta preocupação? “Porque no MPLA não estão a deixar os militantes se apresentarem como candidatos”. Qual é a razão dessa preocupação? Qual é a razão dessa preocupação? O que se passa, caros camaradas, é que até agora é uma simples manifestação de interesse. Manifestação de interesse não é candidatura.

Os partidos políticos são organizações da sociedade civil, como tantas outras de carácter desportivo, cultural, profissional. Há várias organizações que também têm renovação das suas direcções e costumam organizar eleições para a renovação das suas direcções. Não é?

-SIM!

E aí eles estabelecem regras. Há um momento em que o clube anuncia àqueles que têm manifestação de interesse ou de intenções que vão abrir as candidaturas no dia tal. Os interessados devem cumprir com esses trâmites: dar entrada da sua manifestação de intenção na Secretaria ou em qualquer outro órgão que definirem; têm um prazo de X dias ou semanas para o fazerem e aguardarem as suas candidaturas para serem validadas ou não.

Então, se clubes estão organizados a este ponto, as igrejas, as organizações, ordens e associações profissionais estão organizadas a este ponto, um partido político que tem a grande responsabilidade de lutar pelo poder, para que algum dia possa governar o país, vai ter um nível de organização abaixo das associações profissionais desportivas e culturais? Acham que é correcto assim?

-NÃO!

A equipa de futebol estabelece regras e em relação a um partido político que vai indicar um candidato para presidir ao país, para Presidente da República, estamos a considerar uma simples manifestação de intenções como candidatura? Não é candidatura, caros camaradas! É barulho! É confusão! É distracção! Querem nos distrair das questões importantes em que o partido se deve focar neste momento. Há eleições agora até 31 de Dezembro?

-NÃO!

Até 31 de Dezembro de 2026 há eleições?

-NÃO!

Então, qual é a pressa? Qual é a pressa?

Só há eleições daqui a ano e meio! Parece que alguém chega ao bairro e diz: “olha, acabei de me matricular na faculdade de engenharia”. E o amigo no bairro diz: “mas a faculdade ainda não abriu as inscrições…Como é que você já está a dizer que está matriculado se as matrículas não foram abertas ainda?”

Quando tiver de acontecer isso vai ser tornado público. Toda a gente vai saber. A data do início das matrículas vai ser anunciada. Isso ainda não aconteceu e você já diz: “olha, estou matriculado na faculdade de engenharia”.

Você chama o quê a esta pessoa? Qual é o nome que você dá a esta pessoa? O que estão a fazer é: pegam num pedaço de papel e escrevem para o Presidente do partido.

Dizem: “olha, Presidente, considere que eu a partir de hoje sou candidato”. E põem isso nas redes sociais. Mas o Presidente não é comissão de candidaturas, nem é comissão eleitoral. O Presidente do partido é Presidente do partido. Ele escreve para o Presidente, para o Presidente fazer o quê? O que é que o Presidente vai fazer com esse papel? Vai dizer: sim senhora, considera-se candidato e despachar? Isso não vai acontecer, porque eu não sou presidente da comissão de candidatura.

Aliás, nem existe. Não existe comissão de candidatura no MPLA, neste momento. Não existe! Não foi criada. Há- de ser criada algum dia. Os apressados que esperem! Quando for publicamente anunciado: “olha, estão abertas as candidaturas, as condições são essas”, então, que se apresentem.
Por isso é que nós costumamos dizer que isso não nos tira do sério. Podem escrever quantas cartas quiserem, nós pomos de lado. O que fazemos é só isso. Não podemos fazer mais nada. Recebeu a carta, põe de lado. E quando abrirem a comissão de candidatura, não sou eu que vou mandar essa carta para a comissão de candidatura. Não. Eu não faço isso. Não é minha tarefa.

O MPLA, no devido momento, vai ter o seu candidato. Vai ter o seu candidato e vai apresentar esse candidato, como manda a Constituição, ao Tribunal Constitucional. Só vai ser um candidato. E quando eu digo isso, que só vai ser um candidato, os de má fé dizem: já viram? Ele só quer um candidato. Não. Não é eu querer um candidato.

O MPLA só vai apresentar ao Tribunal Constitucional um único candidato, que vai ser o candidato do MPLA. Não vai ser o candidato nem do João Lourenço, nem da Vice-Presidente, nem do Secretário-Geral, nem do militante A, nem do militante B. Vai ser o candidato do MPLA.

Quando formos apresentar os documentos aprovados em Congresso, o nome desse candidato vai lá estar.

E a desonestidade é de tal ordem, que chegam ao ponto de fazer campanhas, sobretudo junto dos nossos jovens, campanhas enganadoras, a dizer: “olha, nós os mais velhos já decidimos”. Nós perguntamos aos mais velhos, os mais velhos viram para a esquerda, viram para a direita, e dizem: “mas quando é que a gente decidiu isso? Nós não decidimos”. Nem podem decidir.

Os órgãos de decisão do partido são conhecidos. Estão no estatuto. É o Bureau Político, é o Comité Central e é o Congresso. A não ser que tenha surgido recentemente um novo órgão, que está acima do Congresso, que se chama “NÓS OS MAIS VELHOS”.

Existe?

- NÃo!

Esse órgão existe?

- NÃO!

Então, como é que os mais velhos vão dizer? Não disseram, eu saio em defesa deles. Mas há quem diga que disseram: “Nós os mais velhos já decidimos. O nosso candidato é o fulano. Portanto, ponto final. O Presidente que se ponha no seu lugar. Ele não tem direito de apresentar candidato nenhum, porque nós já decidimos”. Mas então em que partido é que estamos, em que país é que estamos? Os mais velhos decidem e o Presidente não pode ter palavra? Isso é o que é? Qual é o nome que se dá a isso? É anarquia.

E nós vamos combater a anarquia com todas as nossas forças. E temos a certeza que vamos sair vitoriosos. Vamos escolher um bom candidato. Vamos escolher um bom candidato que não vai deixar mal nem o Partido, nem a Nação. Porque nós não estamos só a pensar no MPLA, temos que pensar na Nação, Temos que escolher o melhor candidato para a Nação.
Não é para o MPLA, é para a Nação, para servir a Nação melhor do que está a servir o actual Presidente. A nossa ambição tem que ser essa. Quem me vier a suceder tem que fazer melhor do que eu. Eu sentir-me-ei muito orgulhoso se ele vier a fazer mais e melhor do que eu estou a fazer hoje.

A governação é uma corrida de estafetas, em que cada um faz um troço da corrida, cada um da equipa faz um troço da corrida e passa o testemunho para o companheiro que vai dar continuidade até cortar a meta. Então, temos que ter a preocupação de que esse que vai receber o testemunho… Quem recebe o testemunho está parado, não é? Vocês estão a ver o que é uma corrida de estafeta?

Alguém vem com o testemunho na mão, a correr, já cansado - esse alguém neste momento sou eu. Estou a falar em sentido figurado. Eu estou na corrida, quem está na corrida neste momento sou eu. E há-de chegar o momento em que eu vou encontrar alguém a quem eu vou passar o testemunho.

Esse alguém, a quem eu vou passar o testemunho, não pode estar mais cansado do que eu. Acham mesmo que é inteligente? Acham que é inteligente da nossa parte, quem está na corrida vem todo suado, transpirado, chega na hora de entregar o testemunho, quem vai receber está com a respiração mais ofegante do que eu, do que a minha. Não consegue respirar. Está com a respiração ofegante…

Eu vou entregar o testemunho a esse camarada? Bom, a Constituição não me deixa, se deixasse eu preferia continuar a corrida. Mas o melhor é evitar que quando eu chegar em frente a esse camarada, ele que não dê sinais de estar mais cansado do que eu. Isso é o que nós temos que garantir agora, porque senão depois é tarde e má hora, como se diz.

Agora é que temos que garantir que, quando chegar o momento, quem receber o testemunho esteja mais fresco do que eu, bem disposto, com mais conhecimentos do que eu, tenha a lição bem estudada, e dá-nos grandes probabilidades, grandes garantias de que vai vencer as eleições presidenciais e vai ser um bom Presidente, não digo do MPLA, um bom Presidente dos angolanos, um bom Presidente da República.

Portanto, caros camaradas, não se deixem enganar por pessoas mal intencionadas que dizem que “os mais velhos já decidiram”. Quem diz isso não está de boa fé. Não está de boa fé e ele próprio sabe que isso não vai passar. Não tem como.?Não se deixem enganar. Este alerta é para os militantes no geral, mas, em particular, para os nossos jovens. Em particular para os nossos jovens.

O nosso MPLA já passou por muitas provações. Venceu-as todas e não é desta vez que vamos cair. Vamos vencer mais esta provação. O MPLA vai sair bem, vamos trabalhar para, quando chegar a altura, termos um bom desempenho, embora alguns digam que desta vez não tivemos bom desempenho. Tivemos sim. Vocês sabem com que percentagem é que os partidos europeus governam? Com 30 por cento dos votos dos eleitores, com 48, 45 por cento…

Governam, fazem coligações. Nós não fomos forçados a fazer nenhuma coligação. Nós ganhámos por maioria absoluta. A própria palavra absoluta já retira qualquer tipo de dúvidas e quem inventou isso não somos nós. Quem fez a Constituição é que pôs lá. Classificou as vitórias em categorias: maioria simples, maioria absoluta e maioria qualificada. Conseguir uma maioria absoluta não é para qualquer um.

Como se costuma dizer, é obra! E nós só aceitamos as grandes obras, as grandes tarefas. Portanto, caros camaradas da província de Luanda, da província de Icolo e Bengo aqui presentes nesta Praça do Kilamba, agradeço a vossa presença.

Estamos de parabéns porque estamos ao mesmo tempo a festejar dois acontecimentos. Isso não acontece todos os dias. Vamos continuar a trabalhar para continuar a merecer a confiança do nosso patrão, o Povo Angolano.

Muito obrigado!

 

 

PUBLICIDADE