ENTRETENIMENTO
7 filmes para conhecer o cinema angolano

11/08/2023 12h34
Do mesmo jeito que as pessoas se devem se familiarizar com a música, a pintura e os restantes elementos artísticos e culturais de uma sociedade, em um país como Angola, com tantas histórias por contar, as artes representativas e performativas também deviam ser mais valorizadas por conta da sua importância e simbolismo.
Ainda que com muitas dificuldades, o cinema angolano tem se destacado como uma expressão artística poderosa, capaz de retratar a cultura e a identidade do país. Ao longo dos anos, cineastas nacionais têm produzido filmes aclamados internacionalmente, que exploram temas sociais, políticos e históricos, proporcionando uma visão única da vida em Angola.
Neste artigo, exploraremos alguns dos principais filmes e autores do cinema angolano, incluindo obras notáveis como "Sambizanga", de Sarah Madorro, e “Assaltos em Luanda”, de Henrique Narciso “Dito”.
Confira a lista.
SAMBIZANGA (1972)
Considerado um marco na cinematografia nacional, "Sambizanga" é um filme de grande relevância histórica por ser um dos primeiros longas-metragens a abordar a luta pela independência de Angola do colonialismo português.
Realizado por Sarah Maldoror, uma cineasta franco-guadalupense, o filme retrata a luta pela independência de Angola, acompanhando a história de uma mulher chamada Maria que procura desesperadamente pelo marido, preso pelas forças coloniais portuguesas.
Com um olhar sensível e comprometido, Maldoror oferece uma visão contundente sobre o período da descolonização angolana. Trata-se de uma produção anticolonial que foi considerada o primeiro longa-metragem da África subsariana e o primeira longa-metragem realizado por uma mulher negra.
A história de "Sambizanga" é baseada no romance “A verdadeira vida de Domingos Xavier” e segue a jornada de Maria, uma mulher cujo marido, Domingos, é preso pela polícia colonial portuguesa durante a luta pela “dipanda”. Maria é deixada sozinha para cuidar da sua filha pequena e está determinada a descobrir o paradeiro de seu marido.
Ao longo do filme, Maria enfrenta uma série de desafios enquanto procura informações sobre Domingos. Ela entra em contato com amigos, familiares e outros membros da comunidade que estão envolvidos na resistência à colonização. A narrativa não apenas foca na busca de Maria por seu marido, mas também destaca as injustiças e atrocidades cometidas pelos colonizadores e as forças de segurança portuguesas contra a população angolana.
"Sambizanga" é um filme profundamente emocional e político que retrata a brutalidade do regime colonial e a espiritualidade do povo angolano na luta pela sua liberdade. Além de abordar a luta pela independência, a obra também explora temas como identidade, comunidade e resistência. A realização de Sarah Maldoror traz uma sensibilidade única para a narrativa, capturando a realidade angolana da época e as complexidades emocionais dos personagens.
No contexto histórico, “Sambizanga” é um marco significativo no cinema africano pela representação das experiências coloniais e a luta pela independência vista pelo cinema. Ele também é lembrado por sua contribuição para o movimento do cinema pan-africano, que buscava contar histórias autônomas e relevantes sobre a realidade do continente africano e suas lutas contra o colonialismo.
COMBOIO DA CANHOCA (1989)
Comboio da Canhoca" é uma obra marcante do cineasta angolano Orlando Fortunato. O filme conta a história de uma família angolana que embarca em uma viagem de comboio para visitar os familiares em uma vila distante. Ao longo da jornada, aborda questões como as divisões sociais, as mudanças culturais e as esperanças de uma nação em transformação.
NA CIDADE VAZIA (2004)
Maria João Ganga é uma das cineastas mais influentes de Angola, e o seu filme "Na Cidade Vazia" é um retrato sensível da vida pós-guerra civil no país. A história se passa em Malanje, uma cidade desolada, e acompanha a vida de um jovem órfão chamado N'dala. O filme explora os desafios enfrentados por N'dala ao buscar sua identidade e pertencimento em meio ao contexto de pós-guerra.
ASSALTOS EM LUANDA (2007)
Realizado por Henrique Narciso Dito, "Assaltos em Luanda" é um thriller que retrata a realidade urbana da capital, explorando temas como crime, corrupção e desigualdade social. O filme segue a história de um grupo de jovens que decide realizar assaltos a estabelecimentos comerciais em Luanda, colocando em xeque as fronteiras morais e éticas da sociedade angolana contemporânea. Contando com um elenco que tem como destaque os actores Filipe Muinda e Eduardo Kialanda.
NJINGA, RAINHA DE ANGOLA (2013)
Njinga, Rainha de Angola" é uma produção angolana de grande sucesso, realizada por Sérgio Graciano. O filme narra a história da rainha Njinga, uma figura histórica angolana que lutou contra a ocupação colonial portuguesa no século XVII. Com uma produção de alta qualidade, apresenta uma abordagem visualmente impressionante, retratando a coragem e a resistência da rainha Njinga.
AR CONDICIONADO (2020)
Realizado por Fradique, "Ar Condicionado" é uma produção contemporânea que explora as complexidades da vida urbana em Luanda. A trama se desenvolve a partir de um problema no ar condicionado de um prédio, levando os personagens a enfrentarem situações inesperadas e revelando as camadas sociais e culturais da cidade.
MONA NKETO (2022)
Um filme recente realizado por Satanha Cinéfilo, que aborda a temática do amor proibido em um contexto culturalmente conservador. A história se desenrola entre duas personagens principais, explorando as dificuldades e os desafios enfrentados por elas para viverem o amor que sentem uma pela outra.
Cultura e identidade
O cinema angolano tem se estabelecido como uma forma de expressão artística poderosa, transmitindo histórias profundas e envolventes que refletem a cultura e a identidade nacionais. Filmes como "Sambizanga", "Njinga, Rainha de Angola", "Assaltos em Luanda", "Na Cidade Vazia", "Comboio da Canhoca", "Ar Condicionado" e "Mona Nketo" são apenas alguns exemplos da riqueza e da diversidade presentes no cinema angolano. Por meio dessas produções, os cineastas angolanos têm desempenhado um papel fundamental na preservação da memória coletiva, no questionamento social e na promoção do diálogo cultural. O cinema nacional continua a evoluir e a nos encantar com suas narrativas únicas, estabelecendo-se como uma forma importante de arte e entretenimento.