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Mais de metade das vítimas de violência não denuncia agressores

Legislação contra violência doméstica fica mais dura para agressores
Legislação contra violência doméstica fica mais dura para agressores Imagens:

Redacção

Publicado às 12h11 27/11/2024

Luanda - Cerca de 26 por cento das mulheres angolanas vítimas de violência procuram ajuda policial, 25 por cento recorrem a ajuda familiar e quatro às autoridades tradicionais, indicam dados revelados pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.

De acordo com os dados revelados num recente seminário sobre violência baseada no género, realizado em Luanda, cerca de 53 por cento das mulheres opta por não denunciar o crime.

O trabalho, desenvolvido em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), aponta a pobreza, a falta de educação e a incapacidade do Estado em responder, como as principais causas para o silêncio da maioria das vítimas.

A deputada do Grupo de Mulheres Parlamentares de Angola, Clarisse Kaputu, apontou como uma das causas do fenómeno a pobreza a que são submetidas muitas mulheres angolanas.

“O rosto da pobreza é feminino e tudo isso aumenta o nível de fragilidade das mulheres em grande parte. Infelizmente, não temos organizações fortes a trabalhar nesta área”, sustentou Clarisse Kaputu.

Por seu lado, a activista social, Laura Macedo, considera que tudo acontece, por falta de resposta das autoridades policiais do país.

“As mulheres são normalmente desprezadas nas esquadras, cada vez que vão apresentar queixa, e, muitas vezes, mesmo nos tais gabinetes de apoio às mulheres que têm mulheres para lhes atender”, afirmou Laura Macedo, recordando a pergunta que normalmente é feita à vítima: "mas, o que fizeste ao homem para ele te bater?".

A falta de cultura jurídica, devido ao baixo nível escolar da maioria das mulheres angolanas, e a influência de algumas seitas religiosas são, na opinião de Laura Macedo, outras causas que podem justificar o silêncio das mulheres, diante da violação dos seus direitos, por parte dos maridos ou companheiros.

A mesma opinião é partilhada pelo analista social, Elson de Carvalho, que aponta “a falta da cultura de denúncia, devido a factores culturais e de educação e também religiosos que tornam as mulheres permissivas”, adianta um despacho da VOA.

Elson de Carvalho defende formação de base nas famílias, onde a mulher seja educada e treinada, desde tenra idade, para ombrear de igual com os homens”.

Refira-se que, no passado dia 20, terminou a operação policial denominada “Basadi XV”, destinada a combater os crimes de violência doméstica contra as mulheres e crianças na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O evento foi conduzido pelo núcleo de mulheres do Ministério do Interior de Angola, sob coordenação da SADC, e decorreu em todo o território nacional, disse uma fonte à Voz da América.

A operação visou particularmente a prevenção e combate aos crimes de agressão e abuso sexual, tráfico de seres humanos, rapto, sequestro, ofensas à integridade física contra mulheres e crianças, violência psicológica e abandono familiar.

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