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Ministério da Educação preocupado com fuga elevada de docentes

18.º edição do Café CIPRA
18.º edição do Café CIPRA Imagens: Edições Novembro

Redacção

Publicado às 17h19 18/04/2025 - Actualizado às 17h19 18/04/2025

Luanda - O Ministério da Educação está preocupado com a fuga de professores para outros sectores, sobretudo os que leccionam nas zonas recônditas e de difícil acesso, situação que tem dado indicativos da baixa qualidade do ensino em Angola.

 Segundo o JA Online, a preocupação foi manifestada, quinta-feira, pela ministra da Educação, Luísa Grilo, durante a conversa aberta com os jovens na 18.º edição do Café CIPRA.

Na província do Namibe, recordou, mais de 50 professores que lecionavam no Ensino secundário transitaram para o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, deixando grandes lacunas.

A ministra esclareceu que quando o professor deixa o sistema de ensino, não é apenas uma questão de preencher a vaga, mas sim da continuidade, porque o processo docente educativo fica comprometido.

“O sistema educativo não funciona como o administrativo, porque cada professor tem uma maneira de trabalhar, além da empatia que os alunos criam com estes profissionais”, disse, acrescentando que o fenómeno está na base do não cumprimento dos programas escolares a 100 por cento.

Outra situação que constitui preocupação para o Ministério da Educação, segundo a ministra, tem a ver com os alunos que frequentam os cursos técnicos profissionais por exigência dos pais, e que, na sua maioria, acabam por desistir ou não ter um aproveitamento académico satisfatório por falta de interesse.

Luísa Grilo lembrou que anteriormente os salários eram mais baixos e os professores faziam de tudo para assumir o seu compromisso.

“O que vimos hoje é inadmissível, quando um professor concorre a uma vaga para um município no Bengo, por exemplo, três meses depois procura desculpas familiares para regressar, isso é uma atitude inconsciente. Temos bons professores comprometidos, mas, na sua maioria, faltam muito e nem preparam as aulas”, lamentou.

Em função do número elevado de fugas de alguns professores do sistema de ensino, o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social vai, nos próximos concursos públicos, priorizar a colocação dos candidatos admitidos nas suas zonas de origem para evitar desistências.

A ministra Teresa Rodrigues Dias informou que, nos últimos cinco anos, os professores tiveram um aumento significativo dos salários, fundamentalmente, com os subsídios de isolamento daqueles que trabalham nas zonas recônditas, por isso, não vê razões para estas mobilidades.

“Muitos professores optaram pelas zonas recônditas em função dos subsídios que haviam de receber”, disse, para acrescentar que estas situações já não serão admitidas.

Na 18.ª edição do Café CIPRA, os jovens apresentaram as principais preocupações da juventude, ligadas, sobretudo com a situação social, capacidade criativa e produtiva face aos recursos, meios técnicos e tecnológicos disponíveis, assim como o impacto das iniciativas individuais e colectivas para o aumento da produção nacional.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 64,9 por cento da população angolana tem menos de 25 anos, o que posiciona Angola como o terceiro país do mundo com menor idade média, com um registo de 16,3, depois do Níger (15,2) e Uganda (16,2).

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