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Angola é o quarto com mais casos de cólera entre 25 países afectados

Pacientes com cólera a serem assistidos
Pacientes com cólera a serem assistidos Imagens: Edições Novembro

Redacção

Publicado às 13h23 29/04/2025 - Actualizado às 13h23 29/04/2025

Luanda - Angola é o quarto país com mais casos notificados de cólera, entre 25 afectados pela doença, indica um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com o documento consultado pela Lusa, no primeiro trimestre do corrente ano, foram registados 116 mil 574 casos de cólera e mil 514 mortes em 25 países, sobretudo em África, sendo Angola o terceiro país da região africana com mais casos e o segundo com mais óbitos, desde o início de 2025.

Entre 01 de Janeiro e 30 de Março de 2025, foram notificados 66 mil 689 casos de cólera em 16 países da região africana, com destaque para o Sudão do Sul (29.050), República Democrática do Congo (15.785) e Angola (9.785).

No mesmo período, registaram-se mil 336 mortes em 14 países africanos, estando o Sudão do Sul (502), Angola (383) e República Democrática do Congo (297) com os números mais elevados de óbitos registados.

Dos 383 óbitos em Angola, no período em referência (Janeiro a Março), 116 ocorreram na comunidade (fora dos hospitais), com uma taxa de letalidade de 3,9 por cento, a mais elevada a nível mundial, estando a doença espalhada por 17 das 21 províncias angolanas, com o maior número de casos em Luanda, Bengo e Icolo e Bengo.

Só no mês passado, Angola notificou 4.036 novos casos de cólera e 179 mortes associadas, com uma taxa de letalidade de 4,4 por cento, o que representa um aumento de 10 por cento nos casos e de 23 por cento nas mortes, em comparação com Fevereiro.

Em Março de 2025, 16 países da região africana, incluindo Angola e Moçambique, notificaram 22.372 novos casos de cólera, sendo o número mais elevado registado no Sudão do Sul (7.709), seguindo-se República Democrática do Congo (5.679) e Angola (4.036).

Além de Angola, com 179 mortes, também o Sudão do Sul observou um número elevado de óbitos (174) e a República Democrática do Congo (97).

No corrente mês de Abril, Angola notificou mais 5.509 casos e 147 mortes, totalizando, no final da semana passada, 15.294 casos e 530 mortes.

Desde o último relatório, foram notificados novos surtos de cólera no Kenya e na Namíbia, mas a OMS admite que os dados globais sobre a doença continuam incompletos, devido à sub-notificação e atrasos na notificação, aliados a fenómenos meteorológicos extremos e conflitos em alguns países, pelo que os números podem estar sub-estimados.

De 1 de Janeiro a 30 de Março de 2025, foram também notificados 48.619 casos de cólera em cinco países da região do Mediterrâneo Oriental, a segunda mais afectada pela doença.

O maior número de casos ocorreu no Afeganistão (21.533), Iémen (11.507) e Sudão (7.894). Durante o mesmo período, ocorreram 178 mortes em quatro países: Sudão (160), Iémen (9), Afeganistão (8) e Somália (1).

Nos cinco países da região do Sudeste Asiático foram notificados, de 1 de Janeiro a 30 de Março de 2025, um total de 1.266 casos de cólera, com destaque para Myanmar (1.096), Nepal (85) e Bangladesh (80), não tendo sido registadas mortes.

Segundo a OMS, os conflitos, deslocações em massa, catástrofes naturais e alterações climáticas intensificaram os surtos, sobretudo nas zonas rurais ou afectadas por cheias, onde as infra-estruturas deficientes e o acesso limitado aos cuidados de saúde atrasam o tratamento, tornando os surtos de cólera cada vez mais difíceis de controlar.

As reservas mundiais de vacinas orais atingiram uma média de 5,2 milhões de doses em Março, insuficientes para responder à procura, destaca a agência das Nações Unidas.

Devido à disponibilidade limitada de vacinas, apenas foram aprovadas e implementadas campanhas de vacinação de dose única, destaca a OMS, assinalando que a procura crescente de vacinas continua a exceder a oferta, limitando gravemente as campanhas de vacinação preventiva.

“A expansão urgente da produção de vacinas continua a ser fundamental”, alerta a organização.

Desde o início de 2025, 13 países (Angola, Bangladesh, Etiópia, Gana, Haiti, Malawi, Moçambique, Myanmar, Níger, Nigéria, Sudão do Sul, Sudão e Zâmbia) realizaram 24 campanhas de vacinação, visando 13 milhões de pessoas.

A OMS destaca ainda os desafios que dificultam a resposta à propagação da doença no mundo, como a natureza altamente infecciosa da cólera, agravada por catástrofes provocadas por riscos naturais e efeitos climáticos, infra-estruturas de abastecimento de água, saneamento e higiene deficientes, insuficiência de vacinas, barreiras à prestação de cuidados de saúde, risco acrescido de transmissão transfronteiriça, alimentado por fronteiras porosas, vigilância inadequada e pouca sensibilização da comunidade.

Ponto da situação do surto até 28 de Abril 

De acordo com um comunicado de imprensa do Centro de Processamento de Dados do Sistema Vigilância Epidemiológica do Ministério angolano da Saúde, o país tem reportados um total cumulativo de 16.382 casos de cólera e 551 óbitos, em 17 províncias do país, desde o início do surto, na primeira semana de Janeiro do corrente ano.

De domingo para segunda-feira, foram notificados 280 novos casos, nas províncias de Benguela (124), Luanda (48), Malanje (28), Cuanza Norte (31), Bengo (04), Icolo e Bengo (07), Namibe (16), Cuanza Sul (17), Huíla (03), Cabinda (02) e Zaire (02).

Nas últimas 24 horas, ocorreram quatro óbitos nas províncias de Benguela (02) e Cuanza Sul (02), estando actualmente internados 618 pacientes e receberam alta 225.

De acordo o balanço, desde o início do surto, registaram-se 551 óbitos, sendo 199 na província de Luanda, 113 no Bengo, 91 em Benguela, 65 no Cuanza Norte, 30 em Icolo e Bengo, 25 em Malanje, 17 no Cuanza Sul, 04 no Zaire, 03 em Cabinda, 02 no Namibe, 01 no Huambo e 01 na Huíla.

Até ao momento, está reportado um total cumulativo de 16.382 casos, nas províncias de Luanda (5.654), Bengo (2.930), Benguela (3.333), Cuanza Norte (1.804), Icolo e Bengo (1.075), Malanje (744), Cuanza Sul (278), Cabinda (142), Namibe (178), Zaire (82), Huíla (82), Huambo (38), Cubango (23), Uige (15), Bié (02), Cunene (01) e Lunda Sul (01), com idades entre os 02 e 100 anos, sendo 8.936 (55 por cento) do sexo masculino e 7.446 (45 por cento) do feminino.

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