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Angola elogiada em Estrasburgo por avanços no uso da cirurgia robótica

Ministra da saúde em Estrasburgo, França
Ministra da saúde em Estrasburgo, França Imagens: DR

Redacção

Publicado às 13h11 21/07/2025

Luanda - Os avanços na cirurgia robótica e na digitalização da saúde pública em Angola mereceram elogios no Fórum Humanitário de Saúde, que decorre em Estrasburgo, França, tendo o país sido considerado uma referência emergente no continente africano.

De acordo com um comunicado do Ministério da Saúde, citado pelo JA Online, o reconhecimento foi feito durante um dos mais prestigiados encontros internacionais dedicados à inovação médica, cirurgia robótica e telemedicina, que decorre desde quarta-feira numa organização da Universidade de Estrasburgo.

A delegação angolana, liderada pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, reafirmou o compromisso do Executivo do Presidente João Lourenço com a modernização tecnológica do Sistema Nacional de Saúde, promovendo maior eficiência, equidade e qualidade assistencial.

“A cirurgia robótica não é futuro, é presente! Angola está preparada para levar esta revolução aos quatro cantos do país”, disse a governante, durante o seu discurso no certame internacional.

No painel “Gestão hospitalar na era da robótica” Angola partilhou a sua experiência concreta de implementação da cirurgia robótica, com 28 procedimentos realizados com êxito desde o início do programa. Esta conquista, afirmou, resulta de uma política pública visionária, que aposta em tecnologia de precisão para reforçar a qualidade do atendimento hospitalar.

“Estamos a reduzir complicações, tempo de internamento, custos operacionais e as longas filas de espera a que pacientes com problemas cirúrgicos complexos estavam sujeitos. Mas, acima de tudo, estamos a devolver qualidade de vida aos nossos cidadãos”, frisou o doutor Benedito Quinta, director nacional dos Hospitais.

À margem do Fórum, a delegação realizou uma visita técnica ao Hospital Universitário IRCAD de Estrasburgo, referência mundial em cirurgia minimamente invasiva, com o objectivo de reforçar a cooperação institucional, no âmbito do Projecto de Formação de Recursos Humanos em Saúde (PFRHS), financiado pelo Banco Mundial.

Revolução na Medicina

A cirurgia robótica representa uma revolução na medicina moderna, com intervenções de alta precisão, proporciona menor perda sanguínea, menos dor pós-operatória, redução do tempo de internamento e recuperação mais rápida, o que permite ao paciente retornar à sua vida activa e laboral em menos tempo.

Com aplicações já registadas nas áreas de urologia, ginecologia, ortopedia, cirurgia cardíaca e neurocirurgia, a cirurgia robótica em Angola começa a diminuir as longas listas de espera e a reduzir a necessidade de transferência médica para o exterior, contribuindo para a sustentabilidade do sistema de saúde e a redução da saída de famílias do país, muitas vezes apenas para buscar melhores cuidados médicos.

“A cirurgia robótica responde directamente aos nossos desafios estruturais. À medida que nos tornamos mais autónomos, melhoramos os cuidados especializados, o que permitirá levar a medicina de excelência às regiões mais remotas do país”, reforçou o doutor Djamel Kitumba.

A estratégia nacional aposta num modelo de formação híbrida, com 20 por cento do treino no exterior, em centros internacionais de simulação como a IRCAD, e 80 por cento realizado em Angola, com supervisão directa de especialistas em ambiente real de bloco operatório. Esta abordagem visa garantir a autonomia técnica das equipas angolanas no prazo de seis a 12 meses.

A telecirurgia surge como solução para expandir o acesso às regiões mais afastadas, permitindo que equipas em hospitais centrais orientem remotamente procedimentos em zonas com limitada cobertura de especialistas, promovendo maior equidade e universalidade nos cuidados especializados.

Angola foi elogiada por especialistas internacionais presentes no evento, incluindo representantes dos EUA, México e Panamá.

Um cirurgião norte-americano referiu que nos países desenvolvidos realizam-se mais de 400 cirurgias robóticas por ano e que “Angola tem tudo para alcançar esse patamar em pouco tempo, com base nos avanços já alcançados.”

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