Quatro mortos e mais de 500 detidos em Luanda


Luanda - Quatro cidadãos perderam a vida nos actos de vandalismo, arruaças e saques a estabelecimentos comerciais registados desde esta segunda-feira, em Luanda, na sequência da greve dos taxistas.
Os dados provisórios da Polícia Nacional apontam ainda para a detenção de mais de 500 cidadãos, 45 lojas vandalizadas, além de três agências bancárias, autocarros e viaturas particulares danificadas.
Segundo o porta-voz da corporação, sub-comissário Mateus de Lemos Rodrigues, as detenções vão continuar até que todos os envolvidos na desordem sejam responsabilizados.
Deu a conhecer que a Polícia Nacional deverá actualizar a informação sobre a situação da segurança pública em Luanda, às 14h00 e às 20h00.
Luanda amanheceu, esta terça-feira, sem a habitual agitação, com ruas vazias, comércio encerrado e ausência quase total de táxis e moto-táxis, denunciando um cenário tenso, após os tumultos registados na segunda-feira.
Na sequência da violência que marcou o primeiro dia da greve convocada por taxistas contra o aumento dos combustíveis, a capital angolana regista ainda focos de tensão, em algumas áreas, segundo constatação da Lusa.
Estabelecimentos comerciais, bancos e diversas instituições mantêm as portas fechadas e muitas empresas optaram por colocar os funcionários em regime de teletrabalho, temendo pela segurança, após os episódios de pilhagem, barricadas e vandalismo ocorridos no dia anterior.
Recorde-se que a Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) tinha anunciado, há mais de 20 dias, uma paralisação pacífica, entre 28 e 30 de Julho, sob o lema “fica em casa”, para protestar contra a retirada dos subsídios aos combustíveis.
No entanto, após negociações com o Governo Provincial de Luanda, a ANATA recuou e, na segunda-feira, demarcou-se dos actos de violência e anunciou o cancelamento da greve.
Entretanto, o impacto da convocatória manteve-se e os protestos descontrolaram-se.
Esta terça-feira, os vulgos “candongueiros” (táxis azuis e brancos) continuam parados e os serviços de transporte por aplicativo também não dão resposta à procura, segundo passageiros ouvidos pela Lusa.
Os protestos violentos ocorrem num contexto marcado pela recente subida dos preços dos combustíveis, após o corte gradual dos subsídios estatais, medida que tem gerado forte contestação social em todo o país.
A greve de três dias convocada pelos taxistas da região de Luanda está na origem das manifestações em várias zonas da capital. Na origem do movimento grevista, está o aumento do preço do gasóleo, que a Associação Nova Aliança dos Taxistas considera inadmissível.
Angola é o terceiro maior produtor de crude em África, ultrapassado apenas pela Líbia e pela Nigéria.
Antigo membro da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), Angola está também entre os 20 maiores produtores do mundo.