Etnias Kuvale e Nyaneka chegam a acordo para o fim de conflitos


Luanda - As comunidades Kuvale e Nyaneka, no Namibe, chegaram a um acordo, segunda-feira, para colocar fim aos conflitos registados pela represa de Mulovei, no município das cacimbas, que causaram 12 mortos.
De acordo com uma nota do Governo do Namibe, chegada ao JA Online, o entendimento foi selado com perdão mútuo, compromisso de paz e um aperto de mãos entre os representantes das duas etnias, e o acordo de princípios para o uso da lagoa do Mulovei entre as comunidades.
O encontro de reconciliação, realizado na Bibala, foi orientado pelo governador provincial em exercício, Abel Kapitango, e contou com administradores municipais, autoridades tradicionais, órgãos de Defesa e Segurança, membros da sociedade civil e representantes das comunidades envolvidas.
O governador do Namibe, Archer Mangueira, em missão no exterior, participou por videoconferência no acto e apelou à convivência pacífica e à gestão colectiva dos recursos naturais.
A lagoa do Mulovei, única fonte de água permanente na região, tem-se tornado o epicentro de tensões entre os criadores de gado das duas comunidades, que dependem da partilha de zonas de pasto e pontos de água.
A reunião, durou cerca de cinco horas, tendo figurado nas principais deliberações o restabelecimento imediato da ordem e segurança nas zonas de conflito, o desarmamento urgente de civis com a ajuda das autoridades tradicionais, a gestão conjunta da represa como recurso natural ao serviço de todas as populações, assim como a realização de encontros regulares entre as partes envolvidas e com as autoridades tradicionais.
Outras medidas foram tomadas ainda para a criação de uma comissão multissectorial visando a promoção de convivência pacífica e harmoniosa na comunidade, aproximação dos tribunais e o Ministério Público junto das comunidades, para a resolução de litígios relacionados com terras e o combate ao roubo de gado, reabilitação prioritária de duas represas das onze previstas para a região, apoio imediato às famílias deslocadas e às vítimas do conflito.
O Governo Provincial do Namibe reforça que a paz é o único caminho para preservar vidas, culturas e meios de subsistência, pode ler-se no documento.