Casamento infantil nas zonas rurais preocupa autoridades


Luanda - A secretária de Estado para Família e Promoção da Mulher, Alcina Cunha Kindala, afirmou, este sábado, que o casamento infantil e a gravidez precoce continuam a afectar de forma preocupante a vida de milhares de meninas, sobretudo nas zonas rurais.
Ao discursar no acto central do Dia Internacional da Rapariga, realizado no município do Mussungue (província da Lunda Norte), adiantou que o casamento infantil e a gravidez precoce limita também o acesso das meninas à educação e ensino.
Revelou que os dados recentes do Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde 2023-2024 indicam que 43 por cento das meninas, entre 15 e 19 anos nas áreas rurais, engravidam precocemente e 34,4 por cento das jovens mães não frequentam a escola.
Sublinhou que o acesso a escola continua a ser desigual, com 48 por cento de meninas a frequentarem o primeiro ciclo do ensino secundário contra 52 por cento de rapazes.
Alcina Cunha Kindala referiu que os inquéritos feitos recentemente, utilizando a plataforma SME Jovem, apontam que três em cada cinco meninas relatam faltar à escola, pelo menos dois dias, enquanto estão menstruadas.
Realçou que o lema das comemorações da data este ano, "Empoderar as meninas, combater o casamento infantil e a gravidez precoce", obriga o Governo e seus parceiros a continuarem a implementar políticas concretas para transformar as raparigas em poderosas agentes de mudança, líderes resilientes, inovadoras e corajosas.
Disse ser necessário que se continue a dar visibilidade, voz e oportunidade às meninas angolanas, "porque elas têm o direito de aceitar quem são e escolher quem querem ser, estudar, brincar, sonhar e crescer sem medo nem violência".
O acto central, que se realizou na localidade de Caita, incluiu duas palestras sobre "O impacto do casamento infantil e da gravidez precoce nas comunidades rurais" e "Educação e empoderamento da rapariga, caminhos para um futuro com igualdade".
O Dia Internacional da Rapariga celebra-se anualmente a 11 de Outubro, depois de proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2011, com vista a dar visibilidade aos direitos das raparigas e aos desafios únicos que enfrentam, como a desigualdade, violência e falta de acesso à educação.