ENSINO SUPERIOR
Mais de metade de cursos superiores em Angola estão sem acreditação

04/10/2025 11h12
Luanda - Mais de metade dos cursos de licenciatura até agora avaliados não foram acreditados pelo Estado angolano, por falta dos requisitos exigidos, anunciou, esta sexta-feira, em Ndalatando (Cuanza Norte), a ministra de Estado para o Sector Social, Maria do Rosário Bragança.
Ao discursar na abertura do ano académico 2025/2026, Maria do Rosário Bragança revelou que o processo de avaliação e acreditação decorre, há dois anos, no âmbito da materialização do sistema de garantia da qualidade do ensino superior.
Adiantou que, até ao momento, já foram avaliados 145 cursos na área das ciências médicas e da saúde, 139 na educação e 236 em ciências, tecnologias, engenharias e matemáticas, totalizando 520 cursos, que representa 46 por cento da oferta formativa de graduação, dos quais mais de metade não foram acreditados, situação que considerou preocupante.
Maria do Rosário Bragança declarou que os cursos acreditados condicionalmente e os não acreditados já apresentaram os respectivos planos de melhoria, enquanto os que reuniam os requisitos exigidos foram recentemente reavaliados e obtiveram um desempenho satisfatório.
Disse estar consciente do impacto que a suspensão da admissão de novos estudantes em cursos não acreditados tem causado no acesso ao ensino superior, mas afirmou ser uma decisão necessária e alinhada com os princípios do processo avaliativo, cujo propósito central é promover melhorias.
De acordo com a ministra, o processo de avaliação é realizado com rigor e de acordo com padrões internacionalmente aceites, e terá efeitos muito positivos e francamente encorajadores, no que diz respeito à melhoria global da qualidade do ensino superior, em Angola.
Sublinhou que a meta é, até 2027, ter todas as instituições de ensino superior, públicas e privadas, sujeitas a, pelo menos, um ciclo de avaliação de cursos, permitindo o fomento da cultura da qualidade, fortalecimento dos órgãos de gestão e melhoria da classificação das instituições angolanas nos rankings internacionais.
Recomendou os gestores de instituições do ensino superior para a necessidade de uma gestão mais adequada dos recursos disponíveis, para que se alcance um desempenho à altura das expectativas da sociedade.
Reabilitação e construção de instituições do ensino superior
Na ocasião, deu a conhecer que cinco instituições públicas do ensino superior estão em construção nas províncias do Cuanza Norte, Cunene, Moxico , Bié e Zaire, no quadro de um programa do Executivo angolano para melhorar a oferta de mercado.
A ministra adiantou que está também em construção o Hospital Universitário da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, visando melhorar as condições para a formação de médicos e outros profissionais de saúde, aliando o ensino à investigação cientifica e assistência médica.
Salientou ainda a ampliação da Universidade do Namibe, para ser dotada de novas estruturas para aumentar as suas funcionalidades, assim como os trabalhos em curso para a construção de infra-estruturas para as 10 unidades orgânicas da Universidade Agostinho Neto.
Tais trabalhos vão abranger o Hospital Universitário, a Faculdade de Medicina, o Instituto de Ciências de Saúde, o Instituto de Educação Física e Desporto, além das universidades Katyavala Bwila, em Benguela, José Eduardo dos Santos, no Huambo, “11 de Novembro”, em Cabinda, Rainha Njinga a Mbande, em Malanje, e Cuito Cuanavale, em Menongue.
Constam também da lista os institutos superiores de Educação no Uíge, Huambo, Huíla e Benguela e a Escola Superior Pedagógica do Bengo, em Caxito.
Informou que a requalificação do Centro Nacional de Investigação Científica e a construção do Parque de Ciência e Tecnologia de Luanda estão na fase derradeira e estarão concluídos, até ao final do corrente ano.
Conferência Nacional de Tecnologia em Dezembro
A ministra de Estado para a Área Social, Maria do Rosário Bragança, revelou que o país realiza, de 03 a 05 de Dezembro próximo, a nona Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia para valorizar a produção de conhecimento.
Realçou que na mesma altura vai decorrer a quarta Feira de Ideias, Inovação e Empreendedorismo de Base Tecnológica, sob o lema ”Angola 50 Anos: promovendo o desenvolvimento baseado na ciência, tecnologia e inovação”.
Durante a nona conferência, sublinhou, será atribuído o Prémio Nacional de Ciência e Inovação, como forma de estimular e reconhecer a contribuição dos investigadores científicos, inventores e inovadores na ciência, tecnologia e inovação, para o desenvolvimento sustentável de Angola.
Enfatizou que a valoração do conhecimento e da criatividade são fundamentais para o pais enfrentar os desafios do presente e construir um futuro próspero, tendo sublinhado que a ciência, tecnologia e inovação são motor da competitividade global e o caminho mais seguro para Angola alcançar a diversificação da economia, criar empregos e elevar o nível da qualidade de vida dos cidadãos.
Assistiram a abertura do ano académico o ministro do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e o governador provincial do Cuanza Norte, assim como autoridades tradicionais e eclesiásticas, entre outras individualidades.